O dia 5 de novembro de 2020 fecha uma jornada de lutas organizada pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) há um mês e também contou com atos virtuais e presenciais dos mais variados segmentos. Com a hashtag #5anosDeInjustiça, materiais virtuais foram amplamente compartilhados todo o dia no país.
As principais denúncias tiveram relação com a mineradora Samarco, dona da barragem que se rompeu em Mariana (MG), e suas proprietárias a empresa Vale e a BHP BIlliton. Denúncias também aconteceram contra a Fundação Renova, criada pelas mineradoras para atuar e organizar os programas de reparação aos atingidos.
Confira as principais manifestações presenciais:
Ato na estrada de Betim (MG) e São Joaquim de Bicas (MG)
Logo pela manhã, por volta das 8h, atingidos de Brumadinho (MG) organizados no MAB mandaram um recado de solidariedade aos atingidos da Bacia do Rio Doce: "O crime de Brumadinho não existiria se houvesse justiça para Mariana". Assim começou o dia de luta.
Ato realizado em Bento Rodrigues
As imagens de Bento Rodrigues relembraram a dor e os resquícios do crime. O protesto simbólico aconteceu também pela manhã, na comunidade que foi completamente destruída pela lama em 5 de novembro de 2015. Os atingidos caminharam e estenderam a faixa "Vale com a injustiça nas mãos, 5 anos sem moradia digna".
Em Periquito (MG), protesto em frente à sede da Fundação Renova
Na cidade de Periquito, também atingida pela contaminação da água do Rio Doce, atingidos manifestaram-se na porta da Fundação Renova. O ato aconteceu na manhã dessa quinta (5).
Protesto na foz do Rio Doce, em Regência (ES)
A praia de Regência (ES) amanheceu com atingidos e atingidas de cidades do Espírito Santo reunidos para denunciar a impunidade das empresas Vale, BHP e Samarco. A contaminação, que chegou até o mar capixaba, continua prejudicando pescadores, surfistas, turismo e a população em geral. Além disso, como em toda a Bacia, pessoas atingidas continuam lutando para serem reconhecidas como tal.
Celebração Ecumênica em Governador Valadares (MG)
Na cidade de Governador Valares, que tem seu território cortado pelo Rio Doce, aconteceu uma celebração ecumênica em lembrança do crime. A iniciativa foi do Fórum Permanente em Defesa da Bacia do Rio Doce e da Comissão de Atingidos do Território de Valadares.
MST se manifesta na sede da Vale em Governador Valares (MG)
O ato simbólico teve o objetivo de mostrar a indignação não só dos acampados e assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tiveram suas lavouras prejudicadas pela lama de rejeitos de minério, mas também dos moradores do leste de Minas Gerais, que dependem diretamente das águas do Rio Doce seja para consumo/subsistência, seja para produção.
"Até hoje a água se encontra contaminada pelo rejeito e imprópria para consumo", afirma nota do movimento.
Ato em Ipatinga (MG) na sede da Vale
Moradores de Ipatinga, que também foi atingida, deram seu recado pelos 5 anos do crime. O ato simbólico aconteceu em frente à sede da Vale na cidade. Os atingidos estenderam faixas denunciando a falta de reparação na bacia do Rio Doce.
Mutirão entrega mudas e jornais na MG 262
Cerca de 25 pessoas resolveram fazer um ato de denúncia e conscientização com motoristas. O ato simbólico entregou mudas e jornais na rodovia MG 262, próxima às cidades atingidas de Acaiaca, Barra Longa e Mariana.
Ato na comunidade de Gesteira, em Barra Longa (MG), região destruída pelos rejeitos
Na tarde dessa quina (5), atingidos e atingidas da comunidade de Gesteira, em Barra Longa (MG), também se manifestaram. Eles tiveram a sua comunidade destruída pelo rejeito em 2015. Eles protestaram pelos seus direitos que, afirmam, têm sido sistematicamente violados e negados.
Carta-denúncia dos atingidos de Mariana
A população atingida de Mariana pela barragem de Fundão e a Assessoria Técnica da Cáritas MG, divulgaram uma carta-denúncia apresentando as reivindicações por um processo justo de reparação integral. Os principais tópicos abordados pelo documento:
1. RESTITUIÇÃO do direito à moradia digna, preservação dos modos de vida e acesso à infraestrutura e bens coletivos em condições preexistentes às localidades destruídas;
2. COMPENSAÇÃO econômica, ou por outros meios, quando impossível a restituição do direito lesado;
3. REABILITAÇÃO médica, psíquica, econômica e social dos sujeitos individuais e coletivos lesados;
4. INDENIZAÇÃO justa pelas perdas e danos materiais e imateriais;
5. NÃO REPETIÇÃO de desastres/crimes de mesma natureza;
6. SATISFAÇÃO a partir de medidas para preservação e/ou restauração da honra, cultura e memória das pessoas atingidas, incluindo pedido público de desculpas;
Os protestos que marcam os 5 anos do crime continuam na noite dessa quinta (5) e na sexta (6). Continue acompanhando pelas nossas redes sociais: Instagram, Twitter, Facebook ou Whatsapp.
Edição: Rafaella Dotta