Informações comprometidas com a ciência são fundamentais na sociedade, principalmente em tempos de pandemia. Além disso, não é apenas necessária a apuração correta dos fatos, mas uma comunicação clara e compreensível sobre o assunto. Afinal, do que adianta comunicar, se ninguém entende?
Foi a partir desses dois pontos de partida que surgiu a Força-tarefa Amerek de combate ao coronavírus, uma iniciativa de divulgação científica sobre a pandemia, criada pelo curso de especialização em Comunicação Pública da Ciência da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - que teria início justamente no mês de março de 2020, início da quarentena no Brasil -, em parceria com o Instituto Serrapilheira.
O nome do projeto é uma palavra do idioma do povo indígena Krenak, que significa "contato", "abraço". "Mesmo agora que não podemos abraçar, precisamos agir coletivamente. Não estamos sozinhos, vamos sair dessa juntos, trocando informações confiáveis, experiências de solidariedade e de ajuda", afirma um dos coordenadores da força-tarefa, o físico, sociólogo e professor da UFMG Yurij Castelfranchi.
Mesmo agora que não podemos abraçar, precisamos agir coletivamente
Junto de Yurij, mais de 30 pessoas - entre pesquisadores, jornalistas e educadores - participam dos trabalhos. O conteúdo coletado pelos comunicadores é revisado por cientistas e publicado diariamente em formatos diversos, simples, didáticos e versáteis. Você pode escolher entre Twitter, Facebook, Instagram e Youtube.
"Sobre o coronavírus não falta informação. Tem até demais. Estamos angustiados, confusos. Encontramos coisas sobre o vírus toda hora. No celular, na TV, conversando com parentes... Fica muito difícil diferenciar o que é verdade e o que não é. Sobretudo, fica difícil saber o que podemos fazer e a gente se sente perdido, impotente, abandonado”, diz Yurij ao explicar as motivações do projeto, que visa, ainda, inventar e trocar ideias sobre formas de lidar com as consequências recém descobertas da covid-19.
Tudo junto e misturado
As páginas da Amerek tratam de assuntos que vão de como usar e lavar as máscaras de proteção até debates a respeito da crise social intensificada pelo coronavírus, reflexões sobre perda, luto, medo e mudanças de planos e dicas práticas de como está a burocracia (pagamento de mensalidades escolares, financiamentos, etc.) nos tempos atuais.
Não se sai de uma pandemia sem as diversas ciências, da saúde pública a psicologia, da comunicação a ciência política e muitas outras
“Isso está no cruzamento das ciências humanas com as demais ciências. Não se sai de uma pandemia sem instrumentos de saúde pública, sem as ciências da vida, mas também não se sai sem psicologia, sem comunicação, sem ciência política, sem sociologia, sem antropologia”, declara Yurij.
Combate às fakes news
O professor chama a atenção para a importância de notícias que sejam feitas por “gente que existe de verdade”, notícias “que venham com nome, sobrenome e endereço” para enfrentar rumores alarmantes, e muitas vezes assustadores, como os que recebemos no WhatsApp, sem qualquer indicação de autor ou de veracidade.
“O conhecimento, quando é robusto, nunca é de uma pessoa só, um médico, um político, um jornalista… E sim de uma instituição, uma universidade, uma organização de pesquisa. Porque a verdade não é uma aventura solitária. A ciência produz conhecimentos confiáveis porque é feita em grupos. A ciência é confiável porque passa por muitas pessoas que questionam o tempo todo e não por uma pessoa que diz que descobriu sozinha uma verdade terrível ou maravilhosa”, afirma.
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Edição: Elis Almeida