Minas Gerais

SEGUNDO TURNO

“Podemos fazer de Contagem uma cidade inclusiva”, afirma Marília Campos

Deputada Estadual, prefeita por duas vezes, lidera pesquisas para a prefeitura em Contagem (MG)

Contagem (MG) | Brasil de Fato MG |
Marilia Campos
"Depois das eleições, quem ganha desce do palanque e governa" - Créditos: PT

O segundo turno de Contagem é disputado pela deputada estadual de Minas Gerais Marília Campos (PT) e por Felipe Saliba (DEM). No primeiro turno, a candidata recebeu quase 119 mil votos, ultrapassando os 41% dos votos válidos. Marília já foi prefeita da cidade, por dois mantados, entre 2005 e 2018.

Ao Brasil de Fato MG a candidata falou sobre os desafios da campanha, os impactos do antipetismo, sobre seus projetos para a cidade e sobre os desafios que encontrará, caso eleita, em meio a uma pandemia e uma crise financeira.

Brasil de Fato MG - A que você atribui a quantidade expressiva de votos no primeiro turno?

Marília Campos - Creio que se trata de um reconhecimento da cidade ao meu trabalho como prefeita por dois mandatos. E uma escolha do eleitorado por uma pessoa experiente, com capacidade comprovada de boa gestão.

Fizemos uma campanha limpa, propositiva e de alto astral. Percorri todas as regiões, usando máscara e evitando o contato direto com as pessoas por causa da pandemia. Fui muito bem recebida e o resultado foi a vitória no primeiro turno derrotando 14 candidatos e com quase 70 mil votos à frente do segundo colocado. 

Sobre o antipetismo e as fake news, como elas têm impactado na campanha e como lidar com isso

A minha mãe, que é evangélica, tem sofrido muito, porque fizeram panfletos apócrifos e distribuíram na cidade falando que vou fechar as igrejas. No passado também fizeram ataques semelhantes, mas agora tem as redes sociais e essas mentiras se propagam com velocidade.

Neste segundo turno, 17 dos 21 vereadores eleitos estão me apoiando

Temos combatido isso divulgando a verdade, sem entrar no jogo sujo do adversário e de seus apoiadores, debatendo as nossas propostas para fazer de Contagem uma cidade melhor. Estou certa de que vamos vencer o ódio e que a população saberá dar a resposta nas urnas. E as pessoas me conhecem e sabem da minha história, da minha trajetória na política.

Eu sou a Marília, não sou o PT. E o antipetismo, que de fato existe, não se traduz em antimarília. São coisas distintas. Tenho eleitores que votaram no Bolsonaro e vão votar em Marília. Eles sabem que, se eleita, vou governar para todos e todas. 

Como você lê a nova configuração da Câmara dos Vereadores?

A Câmara Municipal terá nove novos parlamentares. Dentre eles uma jovem negra, periférica, feminista, a Moara Sabóia, eleita pelo PT. É uma renovação importante, que ajuda o legislativo a respirar novos ares e abre espaço para debates relevantes para a sociedade.

Neste segundo turno, 17 dos 21 eleitos estão me apoiando. Alguns de forma reservada, por causa da posição de seus partidos, mas a maioria está na campanha pedindo voto para o 13.

Se assumir, pegará uma Contagem em situação de crise, talvez pior do que quando você assumiu em 2005, quais são os primeiros passos caso assuma?

Embora o momento seja de crise sanitária e financeira, a situação da Prefeitura hoje é melhor do que quando assumi o primeiro mandato em 2005.

A Prefeitura que herdei de Ademir Lucas estava sucateada, com o nome sujo na praça. Foi preciso colocar a casa em ordem. Adotamos uma série de medidas para aumentar a arrecadação e muitas das boas práticas deram frutos nas gestões passadas e na atual. Então serei beneficiada pelo que deixei pronto ao sair, uma herança positiva. Mas, claro, vamos ter efetivo conhecimento da situação ao assumirmos, se eu for eleita.

Vamos adotar de imediato medidas para lidar com a pandemia na economia, assistência social, saúde e educação

Caso isso ocorra vamos começar de imediato a transição para saber como o município está se preparando para lidar com as chuvas e tomarmos as medidas cabíveis em janeiro.

Também vamos adotar de imediato medidas emergenciais para lidar com a pandemia, renegociando débitos dos empresários, atuando na política de assistência social, treinando as equipes de saúde para a vacinação quando a vacina estiver disponível e implementando um protocolo de segurança que permita a volta às aulas com segurança para estudantes e trabalhadores(as) em educação.

Sobre o plano diretor de Contagem, aprovado no ano passado, qual deve ser a ação em relação à região de Várzea das Flores?

Vamos convocar a sociedade por meio de uma Conferência Municipal de Política Urbana para revisar o Plano Diretor e as leis que permitem a urbanização da área rural de Vargem das Flores e impedir que prédios, indústrias e loteamentos se instalem nas áreas de preservação ambiental. Precisamos impedir que a Várzea se torne uma lagoa seca e eu tenho esse compromisso com a cidade.

Como a Reforma Administrativa atinge os servidores de Contagem?

Para termos serviços públicos de boa qualidade, entre outros fatores, são necessários servidores públicos motivados, valorizados e respeitados.

Vou reabrir os canais de diálogo entre o Executivo e as representações sindicais das diversas categorias de servidores municipais; vou retomar os concursos e com isso fortalecer a capitalização previdenciária; e vou interromper o processo de terceirização nos serviços vinculados às atividades fins da Prefeitura.

Realidade atual de Contagem é de descuido e abandono

Outra meta é o fortalecimento da previdência dos servidores municipais com a adoção, em Contagem, do regime misto de previdência similar ao dos servidores federais.

Como dialogar com os poderes estadual e federal?

Prefeituras não fazem oposição a governos estadual e federal. Se for eleita, vou dialogar com Zema e Bolsonaro para apresentar projetos para a cidade. Os dois foram eleitos com muitos votos de contagenses e são candidatos à reeleição. Então são eles que vão escolher qual a relação que terão com a população. Depois das eleições, quem ganha desce do palanque e governa.

Quando fui prefeita tive recursos do governo do Estado, que era governado por Aécio e depois Anastasia, ambos do PSDB e adversários do PT. Teve obra com Márcio Lacerda, que era do PSB e prefeito de BH. Por isso, administrar uma cidade do tamanho de Contagem requer experiência e competência e essas qualidades estão acima dos partidos.

Nas eleições passadas o eleitor experimentou o novo e não deu certo. Agora não vai trocar o certo pelo duvidoso.

A longo prazo, quais são os projetos para Contagem? É possível contornar a crise?

Uma das melhores experiências da minha vida foi governar Contagem durante dois mandatos. Trabalhamos muito e o resultado foram avanços e conquistas que melhoraram a vida das pessoas e da cidade. Fizemos obras e investimentos em todas as áreas e em todas as regiões.

Contagem se reencontrou com o desenvolvimento econômico e social. Governei junto com o povo, cultivando a democracia e o respeito às opiniões diferentes, sem transformar adversários em inimigos. Era uma realidade bem diferente da atual, de descuido e abandono, que leva à descrença e à falta de perspectivas. Uma situação que foi agravada pela pandemia. Mas que pode ser superada. Contagem tem plenas condições econômicas e sociais para enfrentar e vencer essa crise. Basta querer, ter compromisso com a população e saber o que fazer.

Estou convencida de que juntos, podemos construir um presente e um futuro melhor para todos e todas. Podemos fazer de Contagem uma cidade desenvolvimentista, inclusiva, de cidadãos e cidadãs com autoestima elevada e orgulhosos do lugar onde vivem.

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Edição: Elis Almeida