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Globalização e conflitos

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globo terrestre, areia
"A globalização, ao invés da homogeneização e universalização das culturas, acabou gerando discórdias e radicalismo no seio das sociedades" - Créditos: Reprodução
O Neoliberalismo criou as condições políticas para o atual estágio de globalização

O Neoliberalismo criou as condições políticas para o atual estágio de globalização. Teve como objetivo a abertura dos mercados com redução da proteção que os países mais poderosos exerciam; redução de tarifas; exigência de privatizações e não interferência do Estado na Economia, o que permitiu a expansão do processo de globalização.

A globalização, ao invés da homogeneização e universalização das culturas, acabou gerando discórdias e radicalismo no seio das sociedades. Nos países em via de desenvolvimento, desconstruiu as estratégias estabelecidas a partir da interação Estado-empresa.

Em todo o Ocidente, houve um desequilíbrio de distribuição de riquezas acumulando nas mãos de poucos e degradando multidões para linha da pobreza. Perda do poder aquisitivo, instabilidade no trabalho, desemprego e empobrecimento causados pelo neoliberalismo e globalização são falsamente atribuídos à democracia, o que redundou em eleição de presidentes estremados como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Ganham forças os grupos neonazistas, afloram-se os preconceitos e ódios raciais. O terrorismo e o ódio à cultura ocidental, presente em algumas culturas orientais na atualidade, seriam uma das consequências da globalização.

Para o filósofo Jean Baudrillard, o ataque às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001, foi uma resposta à humilhação imposta pela globalização às culturas singulares, que fazem parte de uma ordem simbólica diferente da ocidental. Baudrillard faz questão de distinguir os termos “global” e “universal”. Para ele, o universal se relaciona com o ideal de direitos humanos, a liberdade e a democracia. Além disso, o marxismo vê a cultura como um suporte para resistência ao colonialismo e ao imperialismo. O global, por outro lado, se relaciona com a tecnologia, com o mercado, com o turismo e com a informação.

Desta forma, a globalização proporcionou o revigoramento da figura do nouveau riche, aquele que se enriquece subitamente, abandonando princípios éticos, tornando-se reacionário, com um poder de comunicação nunca antes obtido. Cria ou se sugestiona com fantasias de conspiração, como no passado os europeus acreditavam que os judeus iam dominar o mundo, acabar com o cristianismo e com outras etnias.

Resultado catastrófico: holocausto, com seis milhões de judeus torrados vivos em fornos crematórios. Outro movimento perverso, fruto da teoria da conspiração, foi o Macarthismo, nos EUA, de 1950 a 1957. Lista de pessoas consideradas comunistas. Elas eram fichadas como subversivas, traidoras da pátria, indesejadas e tidas como perigosas. Dai, muitos assassinatos, prisões e perseguições de trabalhadores, sindicalistas e pessoas inocentes.

Práticas semelhantes ocorreram no Brasil de 1964 a 1980. Na atualidade, esses fantasiosos paranoicos tomam a China como o perigo que ronda o mundo. Para eles, a China desenvolveu em laboratório a Covid19 e espalhou pelo mundo para que somente ela continuasse a ter alto índice de desenvolvimento econômico.

O nouveau riche aparece de diversas formas. Uma delas é a de uma autoridade que usa sua posição hierárquica para se colocar como superior aos demais e, com isso, passar por cima das leis e normas de boa convivência, a exemplo do desembargador Eduardo Siqueira, que humilhou um guarda, ao recusar a usar a máscara sanitária, no litoral paulista.

Como forma de afirmação de status, o nouveau riche pratica odiosos crimes raciais, feminicídios e todos os tipos de preconceitos. Entre eles, podemos relacionar os assaltantes de bancos, traficantes de drogas, estelionatários, pastores que arrecadam dízimos para si mesmos e funcionários que lesam os tesouros públicos.


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Edição: Rafaella Dotta