Faleceu hoje (22), o professor e ex-padre Michel Le Vem, grande militante lembrado por sua atuação desde a luta contra a ditadura militar no Brasil. Michel tinha 89 anos, era militante do Partido dos Trabalhadores e até hoje atuante em movimentos comunitários por direitos humanos e pela democracia.
Michel Le Ven foi um dos religiosos perseguidos pela ditadura militar brasileira. À época, ele era padre e assumiu a Paróquia do Horto, em Belo Horizonte, em 1966, chegado há um ano da França. Le Ven fazia parte de um grupo de padres, freiras e religiosos que eram contra as prisões arbitrárias realizadas pelo regime militar.
Sem tolerar questionamentos, o governo militar realizou a detenção de quatro padres, sendo três franceses e um brasileiro, que ficaram presos durante 72 dias acusados de subversão. Eram eles Le Ven, Hervé Croguenec, Francisco Xavier Berthou e José Geraldo da Cruz.
Fiéis e seminaristas da igreja se levantaram contra a prisão. “Na igreja do Horto não há missa, nem casamento, nem batizado. O padre Michel foi preso, os seminaristas não querem que ele seja substituído e exigem das autoridades militares a sua libertação”, dizia um jornal à época.
Michel deixou um acervo de 232 páginas sobre toda a perseguição que ele e outros religiosos foram vítimas pela ditadura militar, e foi parte essencial nas pesquisas realizadas pela Comissão da Verdade de Minas Gerais, que recolheu histórias da ditadura a fim de reconta-las.
Faleceu de doença cardíaca, de morte natural, estava com Alzheimer a muito tempo. O enterro será amanhã, 23, sábado, no cemitério da Paz, 10:30h, restrito a família. Velório de 7:30h a 9:30h, na funerária Metropax na av. contorno 3.000, também restrito a família, com cumprimentos apenas do lado de fora.
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Edição: Elis Almeida