Entidades e profissionais da saúde de Minas Gerais se dizem indignados pela subestimação da Fundação Ezequiel Dias (Funed). A fundação, que é pública e já tem tradição na produção de vacinas, não estaria sendo estimulada pelo governo do Estado a cumprir este papel durante a pandemia. Na manhã dessa terça-feira (23), um ato realizado à porta da fundação e em pontos turísticos de Belo Horizonte denunciou o problema.
Representando o Conselho Estadual de Saúde, Ederson Alves da Silva esteve na manifestação para “cobrar investimento do governo de Minas para a Funed”, explica. “É uma fundação fundamental para Minas, que já produz medicamentos, vacinas e soros. É possível por meio da Funed produzir a vacina contra a covid-19”, afirma Ederson.
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Na sua avaliação, se o governo de Minas Gerais tivesse realizado investimentos na Funed desde meados de 2020, a fundação mineira estaria no mesmo patamar que o Instituto Butantan e a FioCruz, no quesito produção de vacinas.
Os organizadores do ato, em nota, indicaram que a Funed poderia ter estabelecido parcerias internacionais, como fizeram a Fiocruz e o Butantan, otimizando seu parque fabril para produzir vacinas desenvolvidas inclusive em universidades brasileiras, como a UFMG, a USP, a UFPR e outras.
Presença no ato
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) esteve na manifestação e cobrou o governador Romeu Zema (NOVO). “Não é incompetência, é uma opção política. O pensamento de que aquilo que é direito – nesse caso uma vacina – tem que ser transformado em uma mercadoria”, avaliou a deputada. “No pior ano que nós vivemos, o governo de Minas diminuiu o dinheiro da saúde”, completou. O deputado estadual Jean Freire (PT) também esteve presente.
O protesto foi oficialmente convocado por 15 organizações, dentre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT Minas), os sindicatos de professores, trabalhadores da saúde, farmacêuticos, dos Correios, o Conselho Estadual de Saúde, mandatos parlamentares e coletivos.
Além das atividades na frente da Funed, o manifesto aconteceu simbolicamente, com faixas, na Igreja da Pampulha e na Praça da Liberdade.
Saiba mais sobre a Funed na entrevista com Marluce Oliveira, diretora do Laboratório Central de Saúde Pública da Funed.
Resposta da Funed e do governo
Em entrevista em janeiro, o governador Romeu Zema afirmou que há intenção de que a Funed fabrique vacina contra covid-19 "no futuro".
Ao Brasil de Fato Paraná, a Fundação afirmou que, desde julho de 2020, está em contato com empresas para tratativas relacionadas a parcerias para o desenvolvimento de vacina. Foram assinados memorandos, documentos que não possuem valor de contrato.
A Funed argumentou, ainda, que a “produção de vacinas é um trabalho complexo” e que a implantação de uma linha de produção de vacina contra covid-19 depende de “conhecimento robusto do processo produtivo do imunizante a ser produzido”. E que, somente depois da escolha do imunizante é que “será possível avaliar se a Fundação dispõe ou não da infraestrutura física e humana para atender à demanda”.
Edição: Elis Almeida