Servidores da Prefeitura de Belo Horizonte realizaram um ato na quarta-feira (24), em frente à sede da PBH. Eles cobram que se dê prioridade, no processo de vacinação, a trabalhadores que estão expostos à contaminação pelo novo coronavírus, mas não foram contemplados no plano da Prefeitura.
"Há um plano nacional que é seguido pelo município, que prevê a vacinação de 72 milhões de pessoas. Esse plano se estende para setores como os trabalhadores da indústria, motoristas de caminhão, aeroviários, rodoviários e portuários, mas deixa de fora, no caso de BH, o gari da SLU, que não é citado em nenhuma fase, fiscais, assistentes sociais e outros setores. Não estamos pedindo para ninguém furar fila. O problema é que, da maneira como está colocado, o gari pode chegar a 2022 sem ser vacinado", aponta Israel Arimar, presidente do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel).
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De acordo com o sindicato, ao ser questionada, a Prefeitura disse que está seguindo o plano nacional de vacinação. Para Israel Arimar, essa medida foi tomada "no improviso" e, ao seguir de maneira rígida as prioridades estabelecidas pelo governo federal, não leva em conta a situação local. "Nós fizemos uma notificação ao ministro da saúde e ao secretário de saúde de Belo Horizonte. A partir da reposta, o sindicato pode partir para ações judiciais em defesa dos trabalhadores", conta Israel.
Plano deixa de fora o gari da SLU, fiscais, assistentes sociais e outros setores
Vander Lúcio dos Santos é gari de coleta aposentado. Ele considera que a categoria está muito exposta à contaminação, mas essa exposição, segundo ele, não está sendo levada em conta pela Prefeitura. "Quem mexe com o lixo mexe com tudo. O hospital trata as pessoas e descarta o material. Quem vai lá buscar? É a gente. Eles esquecem que podemos nos infectar, infectar nossas famílias e acaba até gerando mais gastos para eles", reclama.
Governo federal também tem responsabilidade
Na terça (23), o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski, estabelecendo que estados e municípios podem comprar vacinas contra a covid-19, caso o plano de vacinação federal não atenda a contento as populações locais. A liminar atende a uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A ordem considera que o governo de Jair Bolsonaro foi negligente na questão.
O médico Bruno Pedralva, secretário-geral do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte, entende que a responsabilização de estados e municípios é um avanço. Porém, segundo ele, não se pode dispensar o governo federal de suas atribuições.
"A rigor, cada pessoa que morre, neste momento, é uma morte evitável, pois já existe a vacina. A decisão do STF é importante, pois responsabiliza prefeitos e governadores. Mas não podemos esquecer que comprar vacina é algo difícil e, certamente, o governo federal tem muito mais condições de fazer essas compras. Então, Bolsonaro e o ministro da saúde, Pazuello, deveriam cumprir o papel deles de fornecer vacina para toda a população que tem direito", argumenta o médico.
Posição da PBH
Por meio da Secretaria Municipal de Saúde, a Prefeitura afirma que vem empreendendo grande esforço para imunizar o quanto antes os públicos que estão definidos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação, do Ministério da Saúde e que, até o momento, recebeu três remessas de vacina contra Covid-19, sendo 201.720 doses da Coronovac e 40.500 da Oxford, totalizando 242.220 doses. O município está com todo o estoque já destinado para a vacinação dos públicos-alvo priorizados inicialmente.
A sequência da vacinação prevista está no portal da campanha e, segundo a Secretaria, podem ocorrer mudanças na ordem dos grupos, assim como alguma estratificação dentro destes, dependendo do quantitativo de doses disponibilizadas. Porém, a PBH afirma que, caso o município não receba novas remessas, não será possível a ampliação para outras faixas etárias dos idosos e/ou outros grupos.
A Prefeitura também afirma que mantém diálogo constante com os Sindicatos.
Edição: Elis Almeida