Vivemos um momento extremamente desafiador e que nos requer, sobretudo, cuidado, empatia e zelo pela vida. Infelizmente, no último dia 24 de fevereiro, superamos no Brasil a casa das 250 mil mortes por covid-19. Nessa mesma data, foram 200 mortes registradas e mais de 17 mil vítimas desde o início da pandemia em Minas Gerais, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES/MG).
Tudo isso nos entristece muito e nos mostra que é preciso cuidar da vida, que o isolamento social e a vacinação em massa da população são necessários e urgentes. Mas, o que mais nos deixa perplexos, neste momento, é saber que, diante de um cenário tão desolador como esse, o governo do Estado anuncia protocolos de retorno às aulas presenciais.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), para garantir aos trabalhadores e às trabalhadoras em educação, aos estudantes e a toda a comunidade escolar, aquilo que o governo coloca em risco, ou seja, a vida de cada um e de cada uma, não tem medido esforços.
Fomos à Justiça, para garantir, por meio de liminares, essa segurança do não retorno presencial às escolas nesse momento de pandemia, que só cresce e assola o país e o nosso estado.
E temos recorrido a outros meios: imprensa, redes sociais, reuniões online, lives virtuais, etc, para denunciarmos a falta de infraestrutura adequada nas escolas estaduais. A partir de 1º de março, vamos constituir comitês de fiscalização em todas as regiões do Estado e visitar as escolas.
Temos mais de 3.400 escolas e hoje, pelos dados do Senso Escolar, 900 unidades não possuem refeitórios, 1.027 escolas não têm um banheiro sequer para os funcionários e mais de 900 escolas não possuem pátio externo. Então, o que se pode ver é que continuamos, mesmo com o período de suspensão das atividades regulares nas escolas com a pandemia, sem nenhum investimento na infraestrutura desses estabelecimentos.
O governo do Estado não se preocupou com isso. Então, como falar agora em retorno presencial? Não houve, sequer, um planejamento de testagem dos profissionais que trabalham nas escolas para essa volta, não temos perspectiva de vacinação da população de maneira ampla.
O que de fato percebemos é que o Estado está transferindo a responsabilidade para a escola, para os pais e os trabalhadores e trabalhadoras em educação. Diante desse quadro lamentável é que estamos sendo empurrados para o caos, para o abismo e para a morte.
Denise Romano é coordenadora-geral do Sind-UTE/MG
Edição: Elis Almeida