O projeto de clipes (ou Cyphers, como é conhecido) teve seu início em junho de 2020, terminando em fevereiro de 2021, contando com mais de vinte e cinco artistas. Nele, o coletivo independente Roça Records, reuniu em suas cyphers grandes nomes do cenário cultural de Uberlândia. Para entender um pouco mais sobre o projeto, conversamos com Vinícius Guimarães, mais conhecido como Vaine, integrante do Roça Records e também rapper.
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O Roça Records é, segundo Vaine, um coletivo independente, formado em 2017, com objetivo de realizar ações práticas que fomentem a cena hip hop de Uberlândia, apoiando diversas carreiras de jovens artistas locais. Hoje o grupo busca focar em ações que fortaleçam e profissionalizem cada vez mais a cena cultural uberlandense.
Projeto viabilizou o protagonismo periférico de artistas do rap
Vaine explica que Cypher é um formato de registro criado pela cultura hip hop, muito utilizado pelo rap, que consiste em um videoclipe simples registrando diferentes artistas cantando em sequência, de forma bastante livre, nos mesmos instrumentais.
A ideia do projeto partiu da intenção de viabilizar o protagonismo periférico, que contemplasse parte das pessoas que constroem cotidianamente a cena local de rap. Pensando nas melhores condições de trabalho, dando tempo, respeito, patrocínio, remuneração, comunicação visual adequada, etc.
O projeto contou com uma curadoria feita pela equipe do projeto, onde foram analisados pontos como a contribuição artística de cada participante, representatividade e sua trajetória, buscando mesclar novos talentos com artistas mais antigos. Nesse processo foram escolhidos vinte e cinco artistas, que foram distribuídos pelas cinco faixas. Todos os beats foram produzidos por TiagoBits e Xavbeatz, participantes do Coletivo Roça Records.
Cypher 5: RR CYPHER #5 | LKS | Chm2 | Organismo Rap | Jamalsk MC | R-jay (Prod. ROÇA RECORDS):
Vaine destaca também os desafios de construir o projeto, apontando a dificuldade de conciliar o trabalho de cada integrante, já que é muito difícil viver exclusivamente de produção cultural. A pandemia também trouxe limitações, como nas opções de locações para os videoclipes e na realização de um show que reunisse os vinte e cinco artistas. Mesmo com os desafios, a repercussão tem sido muito positiva, deixando os participantes com a sensação que fizeram um bom trabalho, com a qualidade da produção sendo reconhecida.
“Acreditamos que quando um projeto desse porte, apoiado pelo PMIC (Projeto Municipal de Incentivo à Cultura), apresenta tantos nomes de forma tão profissional, todas as pessoas que trabalham na cultura hip hop local têm a ganhar, direta ou indiretamente. Mostra que temos muitas vozes, histórias e corpos diferentes e de muito potencial, que não devem se calar. Mostra também aos artistas e produtores da cena que as vias institucionais também são um caminho possível. As produções periféricas precisam se organizar”.
Cabe ressaltar que o projeto de Cyphers foi construído por meio do já citado PMIC juntamente com outros projetos voltados para a cultura hip-hop de Uberlândia. Para além dessa iniciativa, o coletivo está buscando formas de viabilizar uma segunda temporada de cyphers, bem como de outros projetos que também foram aprovados pelo PMIC, como os novos álbuns do grupo Udischool, Vaine, Organismo Rap e Gehovanna Luiza.
Ainda não conferiu as Cyphers? Todas as cinco faixas já estão disponíveis no Youtube e nas demais plataformas de streaming.
Edição: Elis Almeida