Participei de um casamento virtual. Os noivos nunca tinham se visto ao vivo e a cores
Participei de um casamento virtual. Detalhe: nunca vi ninguém pessoalmente. Hoje todo mundo tem muitas amizades virtuais. Até ai, beleza! Achei uma pouco estranho saber que os noivos nunca tinham se visto ao vivo e a cores. Nunca se tocaram.... Participei dessa loucura aí. No mínimo muito louco para minha cabeça que está ainda no século XV.
Tinham pastor e uma mãe de santo para contemplar a religião de cada um dos noivos. Fiquei pensando se estou anacrônico ou se realmente o mundo "evolui" e hoje existem os neuróticos, os histéricos e os esquizofrênicos virtuais. E os que nem existem virtualmente? O bagulho é estranho, mermão!
Fico pensando como seria um surto virtual. Será que o simbólico, o imaginário e o real foram pro saco?
Sei que sou meio "analfabytes". Hoje me considero um "analfabytes" funcional e, tenho até participado de reuniões virtuais de trabalho e lives de entrevistas. Agora, casamento sem o noivo nunca ter visto a noiva? Pera ai, minha tia!
O casamento teve uma cerimônia como outra qualquer: com juras de amor e aquele velho clichê de que "até que a morte os separe". Pensei: até o sinal do Wi-Fi cair?
Será que virão muitas Annas O? Ou muitos Joões O? Só o tempo dirá. Sei que os boletos, a pandemia e o racismo são bem reais.
Eu, como mineirinho ressabiado, vou tentando aprender e entender essas novas formas de comportamento contemporâneo.
Antes que o casamento acabasse, o cerimonial nos avisou que os noivos receberiam os cumprimentos e, dali, iriam para a lua de mel. Aí eu pirei de vez! Os noivos anunciaram de que a lua de mel seria na Dubai virtual e que tudo já estaria preparado.
Realmente, acho que estou no Século XV. Será que Freud explica? Tô achando que ele iria era ficar pirado!
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte
Edição: Elis Almeida