Minas Gerais

DIREITO

Uberlândia: trabalhadores do transporte denunciam salário parcelado e precarização

Empresas demitiram mais de cem funcionários que acionaram o Ministério Público Estadual e realizaram protestos 

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
Trabalhadores se reúnem em frente a Prefeitura de Uberlândia para pedir melhores condições de trabalho durante a pandemia. - Créditos da foto: Frente Fora Bolsonaro

Trabalhadores do transporte coletivo de Uberlândia paralisaram suas atividades durante a última sexta-feira (5) e parte do sábado (6). A paralisação ocorreu pelas condições precárias de trabalho e pelo atraso do salário dos trabalhadores, que será dividido em três pagamentos. As três empresas de transportes emitiram nota anunciando o parcelamento do salário, e apontam que o motivo é a acentuada queda de passageiros causada pela pandemia de covid-19.

A manifestação, que contou com o fechamento dos terminais da cidade, acabou com um motorista preso e liberado na noite do mesmo dia. Segundo os trabalhadores, durante e após a manifestação, as empresas demitiram mais de cem trabalhadores. Os trabalhadores relataram que foram demitidos pelo celular, onde as empresas alegaram justa causa, tendo como motivo apontado a paralisação.

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Na segunda-feira (8), o movimento de paralisação entregou sua pauta ao Ministério Público do Trabalho e enviou um representante para a audiência da Câmara de Uberlândia. 

Raimundo Silva, um dos motoristas demitidos, relatou que os trabalhadores do transporte público vivem péssimas condições de trabalho, sofrendo represálias por parte das empresas a mais de um ano, com redução salarial, sem o pagamento do vale-alimentação e expostos diariamente ao vírus, além do fato de que os motoristas não estão sendo testados para covid-19.

Estamos andando em ônibus com bancos quebrados, pneus carecas, temos ônibus sem freio”

“Nós estamos andando em ônibus com bancos quebrados, pneus carecas, temos ônibus sem freio, temos trabalhadores com caso de covid-19 que as empresas estão pressionando a voltar a trabalhar pela falta de motoristas”, afirma Raimundo. A higienização dos ônibus também é preocupante, falta álcool em gel para os trabalhadores, que cobram do prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP), a solução da situação, ampliando a fiscalização e a dando condições sanitárias mais dignas para os trabalhadores do transporte público. 

“Eu quero meus direitos. Precisamos de apoio, são cem pais de família que além de estarem agora desempregados, estão sem dinheiro para comprar um pão, um leite para seus filhos”, reivindica Raimundo. 

Desde o começo da pandemia, quatorze trabalhadores do transporte urbano faleceram com covid-19, denunciaram os trabalhadores em nota. Uberlândia está a mais de uma semana com 100% dos leitos ocupados, enquanto isso, 160 pessoas esperam por vagas na UTI.

Edição: Elis Almeida