Minas Gerais

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Instituições da Arquidiocese de BH e PUC Minas apoiam medidas de restrição a templos

Preocupadas com a decisão do ministro Kassio Nunes, do STF, instituições se mostram a favor da Prefeitura de BH

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
"Não podemos tolerar o uso político do Judiciário para favorecer interesses econômicos de grupos, inclusive religiosos, amparado em falsas e grosseiras motivações constitucionais e/ou religiosas" - Créditos da foto: @napucminas

Instituições da Arquidiocese de Belo horizonte e a Pontifícia Universidade Católica Minas demonstraram apoio, por meio de publicação de nota, à Prefeitura de Belo Horizonte. O prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou-se contra a reabertura de templos religiosos e a realização de cultos presenciais, se opondo assim à determinação do ministro Kassio Nunes, do Supremo Tribunal Federal.

O ministro do STF publicou, no sábado (3), uma decisão liminar autorizando a realização de cultos e missas em todo país, mesmo com a imposição de lockdown. A decisão foi derrubada nessa segunda (5) pelo ministro Gilmar Mendes. Porém, durante o final de semana, um conflito de posições aconteceu entre Alexandre Kalil e o ministro Kassio Nunes.

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Na madrugada de sábado, o prefeito de Belo Horizonte publicou em seu perfil do Twitter que não permitiria a abertura de templos religiosos e cultos presenciais, e que na capital mineira continuaria a valer o decreto de proibição. Ao passo que Kassio Nunes, no domingo, intimou Kalil a cumprir a decisão judicial.

Mediante à represália, as instituições religiosas elaboraram uma nota em apoio ao lockdown e à permanência da proibição atividades nos templos enquanto a situação da pandemia na capital não se amenizar.

“As instituições signatárias, diante disto, vêm manifestar o apoio às políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, de proteção da população de Belo Horizonte, enquanto essas políticas forem informadas e sigam a orientação da ciência, pautada pela escuta de pesquisadores sérios, no campo da infectologia, que reproduzam consensos científicos do melhor caminho a ser seguido para proteger a vida de todas as pessoas”, diz a nota.

Próximo passo

Alexandre Kalil informou que a prefeitura iria cumprir a ordem, mas recorreria da decisão no Supremo Tribunal Federal. Mas a decisão de hoje deve mudar o caminho do processo. Como consequência da decisão de Gilmar Mendes, o caso será levado ao Plenário do tribunal pelo presidente, ministro Luiz Fux. O julgamento deve ser realizado na quarta-feira (7).

::Leia também : Prefeito de BH é intimado a cumprir decisão de Kássio Nunes que libera cultos::  

Leia a nota na íntegra

As instituições signatárias desta nota vêm publicamente manifestar sua grande preocupação com a decisão do Ministro Kássio Nunes, claramente inconstitucional nos aspectos processuais (legitimidade ativa) e de conteúdo (direitos fundamentais).

Não podemos tolerar o uso político do Judiciário para favorecer interesses econômicos de grupos, inclusive religiosos, amparado em falsas e grosseiras motivações constitucionais e/ou religiosas.

As liberdades individuais, incluindo a liberdade de consciência religiosa e a liberdade de expressão por meio da liberdade de cultos, diversos, são, sempre, interpretadas, a partir do princípio da indivisibilidade dos direitos fundamentais da pessoa, previstos e protegidos por nossa Constituição democrática de 1988. Este princípio nos lembra uma clara conclusão da interrelação e interdependência dos direitos fundamentais, e é compreensão pacífica entre os estudiosos do Direito Constitucional democrático, assim como pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos, a partir de manifestação da Assembleia Geral das Nações Unidas na década de 1970.

Em outras palavras, a indivisibilidade dos Direitos Fundamentais constitucionais significa que não há, óbvio, liberdade sem dignidade. Não há liberdade de culto sem liberdade de consciência religiosa, assim como o exercício da liberdade de culto não pode comprometer outros direitos como a saúde e a vida das pessoas.

O óbvio desta teoria, entretanto, é comprometido por decisões equivocadas, mal fundamentadas, racionalmente inconsistentes, que podem mesmo sugerir que foram tomadas a partir de pressões externas.

Isto é de uma gravidade extrema, especialmente quando envolve o cristianismo que só pode ser compreendido e sentido como amor à vida.

Infelizmente a ignorância, o mal e a ganância estão presentes em meio às instituições, incluindo Igrejas. É necessário ficarmos atentos aos falsos religiosos que usam da fé para se enriquecerem e enganar as pessoas de boa vontade.

As instituições signatárias, diante disto, vêm manifestar o apoio às políticas públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, de proteção da população de Belo Horizonte, enquanto essas políticas forem informadas e sigam a orientação da ciência, pautada pela escuta de pesquisadores sérios, no campo da infectologia, que reproduzam consensos científicos do melhor caminho a ser seguido para proteger a vida de todas as pessoas.

Belo Horizonte, 05 de abril de 2021.

Academia dos Juristas Católicos Humanistas

Coletivo de Fé e Política na Arquidiocese de BH

Comitê Arquidiocesano de Bioética

Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz

Núcleo de Estudos Sociopoliticos da PUC Minas

Setor Político do Vicariato Episcopal para a Ação Social,  Política e Ambiental da Arquidiocese de BH

Edição: Rafaella Dotta