Em ponto de ônibus o povo gosta da resenha, minha nossa senhora das fofocas!
Ponto de ônibus em Belo Horizonte nos horários de pico é fantástico! Você encontra de tudo. Desde a mulher com a autoestima lá em cima a advogado reacionário. A praça da Estação e a avenida Paraná são os pontos mais emblemáticos e interessantes. Tem cada história magnífica!
Nessa semana do dia do trabalhador, com o desemprego em alta, 400 mil mortos pela covid-19, fome, miséria e futebol, tem papo pra dar e vender e comprar à prestação. Povo gosta da resenha, minha nossa senhora das fofocas!
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Papo vai e papo vem, uma senhora de uns 65 anos comentava que hoje a "boia", que no dialeto popular significa comida, está com o preço nas alturas.
O arroz, o gás, o açúcar estão custando os olhos da cara.
Outra comentou que os assaltos nos pontos de ônibus aumentaram demais, que semana passada fizeram a limpa naquele ponto. Ela falava com revolta e indignação que ainda está pagando o celular que lhe foi roubado pelos bandidos sem pai e mãe. Bandido pé de chinelo que rouba pobre, mulher e idoso. São covardes demais!
De repente, surge de longe, ao léu, uma carreata verde e amarelo. No caminhão, escuta-se o seguinte: “Mito, mito, mito! Brasil acima de todos! Deus acima de tudo! Minha bandeira nunca será vermelha! ” Eram uns gatos pingados e raivosos. Também gritavam: “vão pra Cuba, comunistas! Tradição, família e patrimônio”! Ninguém no ponto de ônibus apoiou tal descalabro e ainda mandaram eles tomarem naquele lugar. Bando de gente burra e falida.
Um moço de cabelos grisalhos, magro e alto, com uma mochila velha e grande, ficou rindo da tal carreata. Eu, muito curioso, fui lá perguntar.
- Moço, beleza?
- Beleza.
- E, aí? Você apoia esse povo de verde e amarelo?
- De jeito nenhum.
- Que bom!
- Esse povo aí está cheio lá no prédio em que trabalho. Quase todos devem o condomínio e são esnobes pra caramba. Dizem que não gostam de pobres.
- Verdade?
- Verdade.
- Sou o porteiro e a maioria apoia esse governo assassino do Bolsonaro. Ficaram revoltados com meu filho que passou no vestibular de direito na UFMG. E a maioria dos filhos deles não passaram. Passaram nas faculdades particulares. Estão furiosos. Vão dever mais ainda o cartão de crédito.
- Você sabe o que eles temem?
- Olha, eu tenho uma certa ideia.
- Qual é?
- Esse povo aí tem medo do Lula!
- Salve, meu irmão!
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.
Edição: Elis Almeida