Há quase um mês, trabalhadoras da educação infantil de Belo Horizonte estão em greve sanitária contra a abertura das escolas municipais em meio ao agravamento da pandemia de covid-19. Levantamento do Sindicato dos trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Belo Horizonte (Sind-REDE), aponta que desde o dia 26 de abril, quando foram retomadas as aulas presenciais e deflagrada a greve, 40 funcionários foram infectados e duas trabalhadoras faleceram.
O levantamento levou em consideração apenas casos testados e confirmados por algum diretor da entidade. O sindicato avalia que o número pode ser muito maior, em especial entre os terceirizados que não possuem convênio médico. Publicamos o detalhamento de casos por escola ao final desta matéria.
Professoras querem vacinação
Soma-se à preocupação dos professores e professoras a situação hospitalar da capital mineira. De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, a ocupação de leitos UTI em Belo Horizonte está em alerta vermelho, atingindo quase 80%.
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A greve, segundo Vanessa Portugal, da direção do Sind-REDE, tem uma adesão de 20% da categoria, número que afeta aproximadamente 40% das escolas municipais. Segundo Vanessa, apenas 25% dos estudantes convocados ao estudo presencial – todas as crianças de 4 e 5 anos, e de 3 anos em algumas unidades –, estão frequentando as escolas.
Isso porque as famílias ainda estariam inseguras em relação ao contexto da pandemia, à estrutura das escolas e capacidade de manter medidas de prevenção ao vírus.
“A prefeitura não consegue cumprir com os próprios protocolos na organização das escolas. Uma das questões, que para nós é mais gritante, são os trabalhadores que estão atuando presencialmente. Eles passam por diversos agrupamentos de crianças, que a prefeitura chama de bolhas, que evitariam o contato entre elas. O problema é que o adulto circula entre essas bolhas, ou seja, o adulto é o maior veiculador do vírus”, afirma a sindicalista.
Até o momento, segundo Vanessa, a prefeitura não se dispôs ao diálogo com a categoria e não fez propostas de negociação. Em nota ao Brasil de Fato MG, a prefeitura afirma que “o diálogo com o sindicato é permanente, com agendas bimestrais, mensais e até semanais, conforme a pauta dos servidores” e ainda diz que somente uma unidade escolar está com atividades paralisadas por causa da greve.
Outros problemas
Uma vistoria realizada pelo Sind-REDE mapeou que em mais de 50% delas não houve readequação de espaço, de modo que seja possível a manutenção do distanciamento entre as crianças. Entre 20% a 30% das unidades, segundo o sindicato, há obras que estão sendo executadas concomitantemente à realização das aulas.
Além do aumento da circulação de pessoas, incluindo os trabalhadores da construção civil, a poeira também é algo preocupante. “Isso aumenta a possibilidade de que crianças sejam acometidas por problemas respiratórios, que mesmo que não seja covid, levam a uma pressão sobre o sistema de saúde”, aponta Vanessa.
Famílias estão inseguras em relação à estrutura das escolas e capacidade de manter medidas de prevenção
A rede municipal de educação de Belo Horizonte conta com 323 escolas, sendo 145 Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) e 178 Escolas Municipais de Ensino Fundamental. São 168.983 estudantes atendidos. O município também conta com 207 creches da rede conveniada, que atendem 26.507 crianças.
A Prefeitura de BH informa, em nota, que para o “retorno seguro, foram adquiridos para todos os alunos e professores os equipamentos de segurança sanitária, provisionados os insumos de higienização, treinados os funcionários de limpeza e realizadas as adequações espaciais necessárias, para que todas as medidas sanitárias sejam garantidas. Os profissionais estão nas escolas com horário reduzido a três dias na semana e com jornada de 4 horas”.
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“O que a gente espera é que a situação se resolva ou pela vacinação, ou pelo controle da pandemia. Então, a greve continua até que isso aconteça”, reforça Vanessa. A PBH também afirmou ao Brasil de Fato MG que está sendo feito o cadastro de todos os profissionais da educação para a vacinação e que Secretaria Municipal de Saúde segue o Plano Nacional de Imunização.
Trabalhadores com confirmação de Covid-19 por escola
(Levantamento realizado pelo Sind-REDE de 26 de abril de 2021 a 20 de maio de 2021)
EMEI Mantiqueira: 6 casos confirmados
EMEI Marta Nair: 3 casos confirmados
EMEI Pilar Olhos D’agua: 1 caso confirmado
EMEI Betinho: 4 casos confirmados
EMEI Piratininga: 3 casos confirmados
EMEI Jardim Leblon: 1 caso confirmado
EMEI Granja de Freitas: 1 caso confirmado
Escola Municipal Professor Tabajara Pedroso: 1 caso confirmado
EMEI Jatoba IV: 2 casos confirmado
EM Edgar da Mata: 1 caso confirmado
EM Hilda Rabelo: 1 caso confirmado
EM União Comunitária: 1 caso confirmado
EMEI Serra Verde: 1 caso confirmado
EM Modesta Cravo: 3 casos
EM Marlene Rancante: 1 caso confirmado, 1 morte confirmada
EMEI Solar Rubi: 1 caso confirmado
EM Lidia Angelica: 1 caso confirmado
EMEI Castelo: 1 caso confirmado
EMEI 1° de Maio: 1 caso confirmado
EMEI São Gabriel: 1 caso confirmado
EMEI Santa Rosa: 1 caso confirmado
EMEI Navegantes: 1 caso confirmado
EMEI Capivari: 1 caso confirmado
EMEI Jardim Comerciários: 2 casos confirmados
Edição: Rafaella Dotta