Minas Gerais

Coluna

Às ruas! 19 de junho pode definir os rumos do país

Imagem de perfil do Colunistaesd
Manifestações 29M - Créditos da foto: @caiodcouto / Mídia NINJA
Uma das principais vitórias do último ato foi a ação unificada, com um programa claro

A gente se emocionou com os atos do dia 29 de maio e descobriu que é possível ir além na luta contra o neofascismo. Fomos com medo do vírus, mas fomos juntos e essa é a definição de coragem. Quem não foi, nos apoiou. E, por isso, estamos mais fortes.

A grande mídia tentou apagar o nosso feito. Em meio à ruptura das instituições democráticas por ação do presidente, fizemos o maior ato depois do “Ele Não”, com a chamada unificada pela derrubada de Bolsonaro. Enquanto curtimos nossa vitória nas redes sociais, a partir da cobertura da imprensa e fotógrafos independentes, ficamos escandalizados com as capas dos principais jornais no dia seguinte. Mas também viramos esse jogo. Dois dias depois, a mídia comercial começou a repercutir nossas manifestações, pois ficou insustentável o silêncio.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

Andando pelo ato em Belo Horizonte, pude prestar homenagem aos meus companheiros metroviários que não puderam esperar a vacinação com segurança e perderam suas vidas. Também cantei com a juventude, participei de jogral, fiz dancinha. Vi o bloco das mulheres, conversei com mães e com suas crianças. Gente dos territórios, das ocupações, das periferias da cidade. Bandeiras de todas as cores. E um sentimento de esperança encheu o peito.

Mas precisamos ser realistas: não será suficiente. Um mês atrás, iniciamos essa jornada de lutas em defesa das vítimas de uma chacina no Rio de Janeiro, nesta semana estamos sofrendo com a morte de Kathlen Romeu e mais uma “bala perdida” encontrando um corpo negro. A vacinação avança e a cada pessoa imunizada estamos mais protegidos, mas a velocidade ainda é lenta e as mortes diárias, entre mil e duas mil vidas, no Brasil foram normalizadas. A cada dia mais uma prova de crime do governo.

O dia 29 de maio precisa ser o nosso combustível para construir um 19 de junho ainda maior, mais bonito e fortalecedor

É verdade que o nosso campo de esquerda ainda não tem, necessariamente, uma unidade sobre qual a principal e melhor tática diante desse governo. Sempre foi assim, temos estratégias e opiniões políticas diversas e, sobre isso, debatemos entre nós. Mas uma das principais vitórias do último ato foi ter produzido uma ação unificada, com um programa claro: impeachment, vacina e comida.

E se isso nos unifica, é por essa via que podemos e devemos derrotar Bolsonaro e enterrar o projeto neofascista no Brasil. A cada dia que esse governo segue, mais vidas estão sendo perdidas, direitos históricos destruídos, patrimônio nacional sendo vendido ou depredado, instituições democráticas destruídas.

:: Saiba quais são as produções de rádio do BdF MG e como escutar ::

É urgente tirarmos as lições históricas do processo que abriu caminhos para o Bolsonaro vencer em 2018. Se não fortalecermos um campo de independência dos golpistas, com um programa antirracista, feminista, em defesa dos direitos LGBTI+ e da classe trabalhadora em conjunto e que traga o tema ambiental com urgência para o centro do debate, apoiados na mobilização e autorganização do nosso povo, acredito que não venceremos. Seja para derrubar o Bolsonaro nas ruas ou nas eleições.

O dia 19 de junho será um marco para o futuro da luta contra Bolsonaro. Precisamos de ação e programa comum do campo da esquerda. Uma encruzilhada, mas estamos em melhores condições do que estávamos a algumas semanas atrás. Vamos com coragem.

Edição: Larissa Costa