Trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Furnas, localizada no curso médio do rio Grande, entre os municípios de São José da Barra e São João Batista do Glória, em Minas Gerais, aderiram à greve, nesta terça (15), contra a privatização da Eletrobras. A paralisação nacional de 72 horas envolve 12 mil pessoas em todo o país e segue até a meia noite desta quinta (17).
Segundo Ricardo Fernandes, dirigente do Sindicato dos Eletricitários de Furnas (Sindifurnas), são cerca de 450 funcionários que participam da mobilização. Somente as atividades de operação foram mantidas, para não haver desligamento do sistema elétrico. Trabalhadores da manutenção só atenderão serviços de urgência e emergência. “Até servidores que estavam em teletrabalho, paralisaram suas atividades”, relata.
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De acordo com o sindicalista, a privatização da Eletrobras pode trazer prejuízos graves para Minas Gerais e para os funcionários da empresa. “Demissão em massa, é certeza que vai ter. Isso vai atrapalhar bastante a economia da região, que não tem indústria. Mas o pior é aumento da taxa da energia, porque as usinas são descotizadas e não dependem do que está gerando para ter receita. E quem comprar [a Eletrobras], vai jogar ela para o mercado livre. A média da energia vendida no mercado livre é R$ 250 a R$ 290 o megawatt/hora. As descotizadas, o valor é de R$ 62 o megawatt/hora”, explica.
Outro receio, é que se privatizada, Furnas pode perder o uso múltiplo da água ao gerar energia visando somente o lucro, causando impactos no turismo e na agricultura da região.
Furnas, que é controlada pela Eletrobras, faturou nos últimos três anos R$ 30 bilhões de lucro, segundo levantamento do Sindfurnas. Em 2020, durante a pandemia, o lucro chegou a quase R$ 7 bilhões, sendo que R$ 164 milhões foram pagos em royalties para municípios, Estado e União, pelo uso da água.
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A Medida Provisória (MP) 1031, que prevê a privatização da estatal, já foi aprovada na Câmara dos Deputados e deve ser votada no Senado nesta quarta (16). Para o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), a proposta visa beneficiar banqueiros e especuladores, que sustentam o governo de Jair Bolsonaro. A paralisação também exige o cumprimento do acordo coletivo e a revisão de demissão de lideranças sindicais.
Edição: Elis Almeida