Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) traçaram o perfil das crianças brasileiras hospitalizadas por conta de complicação do novo coronavírus. Num universo de 11.613 crianças e adolescentes com infecção confirmada de SARS-CoV-2, a mortalidade foi de 7,6% (886 crianças). A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Child and Adolescent Health.
A porcentagem de óbitos entre as crianças foi maior do que o observado em outros países. A pesquisa mostrou que no Brasil as desigualdades regionais e de condições de vida contribuíram mais na mortalidade do que o número de comorbidades que a criança possuía.
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Vulnerabilidade social
O estudo englobou a análise de crianças hospitalizadas, com formas moderadas e graves da doença, sem incluir dados sobre as formas leves. Observou-se que os fatores de maior mortalidade foram a idade, a etnia, a macrorregião geográfica de origem e a presença de comorbidades.
A principal conclusão do estudo é que a vulnerabilidade social pode contribuir para aumentar a mortalidade da doença em crianças e adolescentes. “Fatores sociais e biológicos parecem estar intrinsecamente interligados e podem agir sinergicamente para aumentar o impacto da doença para esta população mais vulnerável”, afirmam os pesquisadores. “Entendemos que os poucos recursos disponíveis para a assistência à saúde, incluindo a pouca disponibilidade de UTI pediátricas, pode ter impactado nessa realidade”.
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As crianças da região Norte ou Nordeste mostram maior risco de um desfecho negativo do que as da região Sudeste. Assim também ficou demonstrado para crianças indígenas, que tiveram o dobro do risco de morte em relação às outras etnias.
Informações da pesquisa
Os estudiosos utilizaram dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), com todos os casos confirmados de covid-19 referentes à população com menos de 20 anos, entre 16 de fevereiro de 2020 e 9 de janeiro de 2021. Para traçar esse perfil, foram analisados dados de 82.055 crianças brasileiras internadas.
O artigo pode ser lido aqui, em inglês.
Edição: Elis Almeida