Minas Gerais

CASO LÁZARO

Artigo | O alvo era Lázaro, mas a história é do Brasil

Entre tantos absurdos que envolvem o caso, vamos focar aqui em apenas um: o racismo religioso

Belo Horizonte | Brasil de Fato MG |
"Mais de 10 terreiros da região foram atacados, lideranças violentadas, inclusive pessoas idosas" - Créditos da imagem: Reprodução

Intolerância é pouco

Atingido por 38 dos 125 tiros disparados por policiais, Lázaro Barbosa deve ser sepultado nesta semana. Acusado de ter assassinado uma família em Ceilândia e de outros crimes, foi procurado por 20 dias, em uma superoperação que envolveu centenas de policiais, horas de cobertura midiática, apelos violentos do presidente e tantos absurdos que vamos focar aqui em apenas um: o racismo religioso.

No começo da perseguição ao assim nomeado pela mídia empresarial “serial killer do DF”, foram divulgadas imagens de artigos religiosos de religiões de matriz africana, como sendo de Lázaro e como se eles o ligassem a algo chamado de “satanismo”. Mais de 10 terreiros da região foram atacados, lideranças violentadas, inclusive pessoas idosas.

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Depois de diversas denúncias sobre essa violência e da falta de relação entre as imagens e Lázaro – que, segundo sua esposa, seria evangélico – alguns veículos da mídia empresarial pediram desculpas pela cobertura e apagaram provas do seu racismo religioso, como foi o caso da G1 (a Globo tem expertise em cometer ou se associar com golpes e crimes, depois pedir desculpas e seguir o roteiro).

Em nota de repúdio, o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afrobrasileira – Cenarab se opõe “veementemente contra a exposição de tais imagens publicamente, sobretudo com o intuito de ligar as práticas homicidas e criminosas com práticas religiosas, sejam elas quais forem”.

Para ler mais sobre a diferença entre racismo e intolerância religiosa, deixamos duas sugestões: um texto no Brasil de Fato Bahia, assinado por Diogo Fernandes e Jamile Araújo, e uma entrevista da Carta Capital com Sidnei Nogueira, autor do livro “Intolerância religiosa”.

Jornalismo negro e outros sites

Seguem alguns sites feitos a partir do ponto de vista de pessoas negras, periféricas, mulheres e que pautam temas fundamentais:

Nós, mulheres da periferia: https://nosmulheresdaperiferia.com.br/

Portal Geledés: https://www.geledes.org.br/

Alma Preta: https://almapreta.com/

Agência de Notícia das Favelas: https://www.anf.org.br/

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Joana Tavares é diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

Edição: Larissa Costa