O vírus se espalha como notícia ruim nos bairros mais pobres e as mortes são uma realidade cruel
Uma multidão se espreme em frente a uma agência de empregos. Uma outra na Caixa Econômica. Viadutos são os novos campos de concentração. Hospitais lotados. Presidente mentiroso, corrupto e covarde.
A cena se repete ao longo da cidade, principalmente nos subúrbios, periferias e quebradas das grandes capitais brasileiras.
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O vírus se espalha como notícia ruim nos bairros mais pobres e as mortes são uma realidade cruel para um povo já sofrido. Enterros viram rotina de uma gente trabalhadora. O paletó de madeira é a moda mais corriqueira para essa gente que o sol castiga o ano todo.
Solange, que tem um pequeno salão de beleza na laje de sua casa, não está trabalhando. Ela cuida do filho e de uma mãe doente. Eles não têm qualquer tipo de renda. Só têm o salão de beleza. Ela ainda não recebeu qualquer ajuda do governo. Sua angústia e desespero só aumentam. A fome é real. Não é simbólica. Não é imaginária. Está devendo o aluguel. Pode ser despejada a qualquer momento. Teme ir para debaixo de um viaduto. Sabe que lá a vida é dura. Lá a vida é como num campo de concentração, ela diz.
As pequenas redes solidárias das quebradas vêm fazendo um trabalho belíssimo, levando esperança, arroz, feijão, sal, macarrão, sardinha, óleo, açúcar e afeto. Mas ainda é pouco. A miséria é muita.
Dormem sossegados os caras do Senado!
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte
Edição: Larissa Costa