Brasil se escreve com s, de sonho e de superação
O Brazil, com z, é o país que Bolsonaro defende. O falso nacionalismo que entrega, vende e incendeia o patrimônio brasileiro é o mesmo que luta por reprimir, criminalizar e proibir tudo que é expressão popular brasileira. Os defensores de Borba Gato, de uma forma ou de outra, são os mesmos que criminalizam todas as vitórias que hoje os brasileiros comemoram nas olimpíadas. Vitórias que emocionam e nos permitem voltar a sentir orgulho de ser brasileiro e ter esperança de que nós podemos sair do buraco onde fomos colocados nos últimos anos.
Rayssa Leal, a garota skatista de 13 anos, vestida de azul, alcançou a prata nos jogos olímpicos. Kevin Hoefler, da baixada santista, na mesma modalidade, foi o primeiro brasileiro a subir no pódio olímpico em 2021. Os dois competindo em um esporte que há algumas décadas era proibido e que ainda hoje é estigmatizado, tratado como coisa de marginal e vagabundo, pelo Brazil de Bolsonaro.
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Não é só isso. O Brazil de Bolsonaro é racista e sempre defendeu a segregação e exclusão do povo negro do mundo do esporte. Mas Daiane dos Santos, há quase uma década, abria espaço com a força do nosso Brasil, com s, e foi a maior do mundo na ginástica olímpica, ao som de "Brasileirinho". Ao som de um samba, estilo musical e expressão cultural que o Brazil de Bolsonaro proibiu no início do século passado.
Para aqueles que me pedem para deixar isso para lá, que estou tratando sobre um tema do passado, que estou “politizando” o que não é político, fica o alerta: no presente, em 2021, o Brazil de Bolsonaro luta pela criminalização do funk. Perderam mais uma, pois foi ao som de “Baile de Favela” que Rebeca levou o nosso Brasil para o pódio, alcançando a medalha de prata.
Vocês sabiam que durante a ditadura militar, quando os defensores do Brazil de Bolsonaro estavam no poder, o surf foi perseguido e proibido nas praias cariocas? Mesmo assim, foi pelas mãos de um nordestino que o esporte estigmatizado pelo Brazil, mas abraçado pelo Brasil, alcançou a sua primeira medalha de ouro.
Como se sabe, o Brasil é o país do futebol. Mas no início do século passado, o Brazil de Bolsonaro proibiu e batalhou muito para que os negros não pudessem praticar o esporte. Perderam mais uma vez, porque na década de 1960 surgiu para o mundo o Rei do Futebol, o rei negro e do Brasil.
O Brazil de Bolsonaro, acreditem se quiser, também proibiu que as mulheres praticassem futebol pela força da lei. Mas o que é esse tipo de lei perto da força do Brasil? A seleção brasileira então, para provar mais uma vez que é a maior de todas, apresentou ao mundo também a Rainha do Futebol, também negra e também brasileira.
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Infelizmente, nos últimos anos o Brazil vem tentando se apropriar da camisa canarinho, porque sabe da força que ela tem. Mas quando Paulinho comemora um golaço com a flecha de Oxóssi, quebrando o tabu contra a intolerância religiosa e a defesa do respeito às religiões de matriz africana, dá aquela vontade de sair na rua e pintar a calçada de verde amarelo com os vizinhos.
Não à toa, o presidente não está vibrando as conquistas do nosso Brasil. Para além da histórica falta de investimento nos esportes, a história de superação de nossos atletas é a história das centenas de milhares de brasileiras que constroem todos os dias esse país e formas de sobrevivência, cultura esporte, lazer, diversão, apesar do projeto de Brazil.
A verdade é que o Brazil de Bolsonaro tenta proibir, destruir e conter a própria essência do Brasil. É possível ver nessas olimpíadas, milhares de Rebecas, de Rayssas, de Paulinhos, Martas, Formigas e Ítalos retomando o orgulho pelo verde e amarelo. A partir de figuras tão diversas, que vem dos mais diferentes locais do nosso país, germinando a esperança para que a gente possa sonhar de novo. Um Brasil onde seja proibido proibir. Um país de liberdade para seu povo. Brasil se escreve com s, de sonho e de superação. Nós vamos vencer!
Edição: Larissa Costa