#ALERTA Talude de água da Itaminas se rompe em Sarzedo (MG)
— Brasil de Fato MG (@brasildefatomg) August 9, 2021
Um talude de uma barragem de água da mineradora Itaminas se rompeu na tarde desta segunda-feira (9) na cidade de Sarzedo (MG)
Moradores convivem com o risco desde 2019.
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Um talude de uma barragem de água da mineradora Itaminas se rompeu na tarde desta segunda-feira (9) na cidade de Sarzedo, região metropolitana de Belo Horizonte.
O acidente deixou os moradores em alerta, já que desde 2019 o município convive com o risco de rompimento das barragens de minério B1, B2 e B4 de propriedade da empresa. Segundo informações da Defesa Civil do município não há vítimas ou feridos.
De acordo com o agente municipal da entidade, Maxwel Gonçalves houve um deslizamento de terra que foi provocado por uma sucção que estava sendo feita no local. Ainda de acordo com Gonçalves a Defesa Civil Estadual está se deslocando para a região.
Mineradora atua há mais de 60 anos no município
Em nota pública, a Itaminas informou que o acidente desta segunda (9) “trata-se de um escorregamento de aterro e que não há vítimas ou dano ambiental nem qualquer relação com as barragens de rejeito", afirma o texto.
Há mais de 60 anos a mineradora atua no município. Mas somente em 2019, após o crime em Brumadinho, cidade vizinha à Sarzedo, é que a empresa se comprometeu com os moradores de instalar sirenes na região. Até a data também, a Itaminas sequer havia apresentado um plano de emergência para os moradores, caso as estruturas da empresa entrassem em colapso.
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Como relatou à época a moradora Janaina Freitas: "infelizmente, a gente não deveria se preocupar em fugir da lama. Mas como existe barragem, existe alarde, porque ela nunca é 100% segura. A gente precisa saber quais são as casas, os lugares que podem ser atingidos caso algo aconteça. Precisa saber onde serão as áreas de salvamento, qual é o tempo que cada um tem para correr. Quando vão divulgar isso?"
Em entrevista ao Brasil de Fato, em abril de 2019, Henrique Lazarotti, advogado que atua na região do Médio Paraopeba alertou. “Em caso de rompimento, seria um massacre. A zona de auto-salvamento tem uma população de mais de 4 mil pessoas, dos bairros Santa Rosa de Lima, Brasília e Riacho da Mata. E a Itaminas não instalou sequer uma sirene na cidade. A lama de rejeitos chegaria em seguida no Paraopeba, uma segunda morte do rio”.
Empresa é a segunda maior caloteira do setor minerário do país
Outra preocupação é que além dos moradores que estão na área de risco, caso haja qualquer rompimento de barragem de rejeitos da Itaminas desencadeará em uma nova contaminação na bacia do Paraopeba.
Em 2019 os moradores do município conquistaram a suspensão das atividades da barragem da empresa via Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Além disso, o órgão estipulou uma série de obrigações que a Itaminas deveria cumprir naquele mesmo ano, como a contratação de uma auditoria técnica independente para acompanhar a fiscalização, comunicação imediata de qualquer situação de risco, entre outras medidas.
Itaminas: dívidas de R$ 500 milhões em ICMS
Em janeiro deste ano, a Agência Pública divulgou uma reportagem denunciando que a Itaminas é a segunda maior caloteira do setor minerário do país com dívidas de mais de R$ 500 milhões em ICMS para MG.
Ainda de acordo com a matéria, "em março, o presidente da Itaminas, Bernardo Paz, e o governo de Romeu Zema (Novo) combinaram que Inhotim cederia 20 de suas obras ao estado, quitando sua dívida de R$ 500 milhões. A Pública procurou a Advocacia-Geral de Minas Gerais (AGE) para conhecer os detalhes das negociações, mas descobriu que o órgão não participou das tratativas. A informação foi dada pela própria AGE que alega que os termos do acordo foram firmados em 2018", cita a reportagem.
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O proprietário da Itaminas, o empresário Bernardo Paz, também proprietário e fundador do Instituto Inhotim em Brumadinho, esteve por diversas vezes em destaque na imprensa nacional por denúncias de lavagem de dinheiro supostamente praticadas no Instituto. Recentemente o Ministério Público de Minas Gerais e a mineradora celebraram um acordo de reparação ao estado pelos danos ambientais causados com as atividades da Itaminas. O termo estabelece a criação de projetos de educação ambiental e cultural a serem implementados no Instituto Inhotim. As ações somam R$ 2 milhões.
Edição: Elis Almeida