Minas Gerais

TRABALHADORES

Ambulantes denunciam truculência da guarda municipal em ação no Parque Guanabara (BH)

Sem apoio municipal e com desemprego recorde no país, renda das famílias depende exclusivamente das vendas nas ruas

Belo Horizonte (MG) |

Ouça o áudio:

Reprodução - UFMG

Um ambulante que trabalhava na portaria do Parque Guanabara, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, foi vítima de uma violenta ação de fiscalização da guarda municipal da capital, no último domingo (16). A denúncia é da Associação dos Trabalhadores Ambulantes de Belo Horizonte. 

“Nós precisamos garantir o nosso pão de cada dia. Não está tendo alternativa”

De acordo com a entidade, o trabalhador (que preferiu não se identificar por medo represália) estava com a esposa e o filho quando foi abordado pela guarda. No vídeo divulgado pela entidade é possível ver um agente sentado em cima do ambulante que não reagiu à abordagem. O trabalhador chegou a ser detido, mas foi liberado no mesmo dia.

Adjailson Severo, presidente da Associação dos Trabalhadores Ambulantes de BH afirma que a entidade vai entrar com uma representação no Ministério Público Estadual para apurar o caso. 

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O presidente explica que com o fechamento dos comércios e restrição dos eventos, uma das poucas alternativas de trabalho da categoria é a portaria do parque. “Metade dos trabalhadores ambulantes de BH não tiveram acesso ao auxílio emergencial do governo federal. Foi aprovado esse auxílio municipal, mas até agora não temos mais informações, se vai mesmo sair e para quem. E nós precisamos garantir o nosso pão de cada dia. Não está tendo alternativa”, desabafa.

"Nesta quarta mesmo, vai ter muita confusão lá no Mineirão [com a retomada da torcida presencial nos jogos] porque a fiscalização vai estar em dobro, junto com a guarda municipal. Mas é a única solução que temos para sobreviver”, prevê Adjailson.

No total, segundo estimativas da Associação, cerca de 400 trabalhadores atuam como ambulantes, pipoqueiros e camelôs em Belo Horizonte.

O outro lado

Sobre a denúncia de agressão, a Guarda Municipal de Belo Horizonte alegou que “o vendedor clandestino ficou exaltado ao ter os produtos apreendidos, chegando a agredir os guardas municipais”. A entidade informou ainda que “a Corregedoria da Guarda Municipal instaurou sindicância disciplinar para apurar as circunstâncias da abordagem”. De acordo com a entidade, o servidor envolvido foi remanejado preventivamente até a finalização do procedimento apuratório.

 

Edição: Elis Almeida