Há algumas semanas o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte foi motivo de preocupação. O Rio das Velhas, principal ponto de captação de água da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), se mantém em estado de alerta.
Isso acontece quando o nível de água do rio está abaixo da média mínima dos últimos 10 anos. No caso do Rio das Velhas, a vazão mais recente mapeada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica Rio das Velhas, nesse 25 de agosto, foi de 10,3 metros cúbicos por segundo. O nível de alerta é a vazão de 10,48 metros cúbicos por segundo e o rio está abaixo disso.
Este alerta já significa o risco de falta de água para Belo Horizonte, por exemplo. É do Rio das Velhas que vem a água que abastece metade da população belo-horizontina, via Copasa. Caso o rio abaixe mais e chegue a 7,34 metros cúbicos por segundo, racionamentos serão uma realidade.
Já tem gente sem água
Como diz o ditado: “pouca farinha, meu pirão primeiro”, ou seria “pouca água, minha caixa primeiro”? Mesmo que de forma involuntária, alguns locais se beneficiam por estarem mais próximos dos pontos de captação de água ou em bairros mais baixos. Os morros e localidades distantes acabam sendo as primeiras a sofrer com o desabastecimento.
A cidade de Sete Lagoas, por exemplo, suspendeu em 20 de agosto a captação de água no Rio das Velhas. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) informou que parou a captação devido à baixa qualidade da água do Rio das Velhas. Cerca de 20 bairros ficaram com o abastecimento comprometido.
O mesmo acontece nas regiões mais altas da Grande BH, com destaque para os morros e favelas, onde a água começa a faltar esporadicamente.
Culpa da falta de chuva?
“Existem vários motivos para essa situação hídrica”, explica Poliana Valgas, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Rio das Velhas, o órgão que acompanha e gerencia o uso das águas do Velhas. Para ela, o baixo nível do rio tem relação com a gestão das águas, em como estamos usando os recursos hídricos em atividades predatórias e com o uso e ocupação das áreas de produção de água.
Empreendimentos, como condomínios e mineração, têm sido construídos em áreas de recarga de água. São desses pontos, abaixo do solo, que vem a água para literalmente recarregar o rio. Uma vez destruídos, interrompe-se o ciclo do Velhas.
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“Não dá pra colocar a culpa apenas na chuva que está diminuindo. Esse conjunto de fatores gera desequilíbrio e compromete todo o sistema. Por isso a gente vem perdendo a capacidade de recarga e recuperação ao longo da bacia”, afirma.
Neste conjunto de fatores está também o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, que destruiu uma estação de captação de água da Copasa em 2019. A estação foi construída a partir de 2015 para resolver a crise hídrica já existente naquela época. Cerca de 30% do abastecimento da Grande BH vinha da bacia do Rio Paraopeba.
Copasa informa que situação é estável
Até o momento, não há previsão de racionamento na Região Metropolitana de Belo Horizonte, informou a Copasa à nossa reportagem. Segundo a empresa, a situação hídrica no estado é adequada para o período com o volume dos reservatórios em torno de 77%.
“De acordo com a série histórica (2016/2021), a reservação atual é bastante superior aos períodos de estiagem dos outros anos anteriores”, garantiu. O monitoramento destes reservatórios é feito diariamente e pode ser acompanhado pela página da empresa.
Edição: Elis Almeida