Iniciou no mês de agosto, com duração até outubro, o 1º Festival de Arte e Cultura da Serra da Moeda, o Cauê. Idealizado e produzido pela cantora e compositora Sol Bueno, o festival conta com mais de 60 mostras e 10 oficinas.
“Esse festival é preto”
O nome Cauê, que em tupi significa gavião, traduz os significados que expressam o festival de que “natureza e cultura, arte e sensibilidade podem trazer novos olhares em seus voos”.
O evento é realizado com apoio da Lei Aldir Blanc e traz, em formato audiovisual, apresentações musicais, causos, histórias, mostras de culinária e gastronomia, artesanato, cultura popular, fotografia e poesia, além de oficinas e palestras formativas na área da cultura.
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A ideia de construir o festival teve início a partir do mapeamento das atividades artísticas e culturais da região da Serra da Moeda, realizado pelo Coletivo Cauê Cultural, há cerca de dois anos. Sol Bueno aponta que “o coletivo Cauê Cultural tem um trabalho de defesa do meio ambiente e do bem viver” e que “o festival pretende mostrar as riquezas que a Serra tem”.
“A maior riqueza dessa terra não é a extração mineral”
Muito visada pela mineração, a Serra da Moeda possui apenas um município sem atividade minerária, Moeda. “É preciso ter luta o tempo todo. Porque, além de entrar nas áreas de interesse e ampliar território, a mineração não pode destruir um território que é símbolo de fortalecimento para outras lutas”, afirma Sol.
Apresentações musicais, causos, mostras de culinária, artesanato, cultura popular, fotografia e poesia compõem o Cauê
“Enquanto estão levando o minério, olha o quanto de riqueza que existe aqui e que existe porque vivem nessa terra”, diz a artista.
Para Sol, o evento constrói a narrativa “do que somos e do que podemos ser”, ao focar no fortalecimento dos territórios e pessoas que, assim como as aves, as águas e a serra, são riquezas de Moeda.
Visibilidade
A organização do festival se preocupou em fazer recortes étnico raciais e de gênero em sua construção. Desde o início, procurou-se garantir a participação de pessoas moradoras de comunidades periféricas, rurais e quilombolas, além de pelo menos 50% de mulheres.
Sol avalia que as expectativas foram superadas. “A quantidade de mulheres foi bem maior que 50%, na equipe de trabalho e nas apresentações. E esse festival é preto!”, comenta.
Enfatiza que, mesmo que a organização não fizesse nada para garantir essa representatividade, ainda assim ela existiria, pois na verdade, esforçoso seria apagá-la. O público e os artistas que compõem o festival são também predominantemente das áreas rurais.
Laércio Villar e Norma Maria se apresentam no próximo sábado (04)
O próximo sábado (04) contará com a presença de Laércio Villar, o primeiro baterista de jazz de Minas Gerais, Norma Maria, na mostra de culinária, João Arrieiro, na mostra de fotografia infantojuvenil, Geralda da Cruz do Quilombo do Taquaraçu, na mostra de causos e Tuca, no Manifesto Cultural.
Acompanhe
Ao todo, serão apresentados 10 episódios, lançados na internet um a cada semana, nos meses de agosto, setembro e outubro. Podem ser acessados na página do Coletivo Cauê, no Youtube.
Mais informações e novidades na página do Coletivo Cauê Cultural no Instagram. Ou pelo e-mail: [email protected].
A expectativa é que o festival Cauê siga com mostras e atividades e, a longo prazo, faça parte da agenda cultural anual da região.
Edição: Rafaella Dotta