Minas Gerais

ARTIGO

Setembro: Primavera ou derradeira?

Desde a redemocratização, foi, talvez, o momento de maior tensão envolvendo o feriado nacional

Belo Horizonte |
A pandemia da covid-19, de que estamos fartos, de tanto falar, ouvir e sofrer, continua a assombrar nosso cotidiano, e acaba por expor nossas fraquezas e franquezas. - Reprodução

Ser independente... o que seria isso, afinal?

Acaso seja apenas a possibilidade de se ver livre da necessidade de qualquer coisa externa, então podemos dizer que a independência reclama autonomia. Mas como poderíamos neste mundo, ter autonomia, sem regredir à selvageria e limitar nossa existência em sobreviver? Setembro chega e com ele a primavera, que já mostra seu show de cores mesmo no quadro cinza da urbanização.

Esse Dia da Independência, 7 de setembro de 2021, desde a redemocratização, foi, talvez, o momento de maior tensão envolvendo o feriado nacional.

Quando uma nação colonizada reclama independência, pode-se dizer que é, na verdade, um grito de “basta!”, pois seu povo quer se ver livre da repressão externa. O Brasil, amado e amoroso como é, contudo, vive um - Deus queira que breve – momento de tensão, amor e ódio de seu povo e entre seu povo. 

A pandemia da covid-19, de que estamos fartos, de tanto falar, ouvir e sofrer, continua a assombrar nosso cotidiano, e acaba por expor nossas fraquezas e franquezas.Uma coisa em comum que todas as gerações em vida têm é certo pavor da realidade. A possibilidade de negar a verdade a todo e qualquer tempo centrifuga nossa consciência. A consequente catatonia nos leva a beijar a mão do santo que tredestina nosso dízimo, e “tá tudo bem”. 

Ser independente... (n)o Brasil... em 2021... o que será, ou o que seria? Desde os primórdios dessa nação, o desossar de nossos antepassados, a ferro e fogo, marcados para garantir o palito na azeitona nortista.

Ser independente... do magro gado que de fome mata e de fome morrerá, guiado pelo chicote do diabo, rumo ao abismo.

A ilusão de que a putrefação de nossos iguais vitaminará nosso corpo, faz com que tentemos ressignificar as leis da razão. Soa como verdadeiro fatalismo, olhar ao horizonte e ter como inevitável o fluido rubro, que brota do choque e não do caule de nossa amada primavera. O homem está corrompendo o seu guia moral à sua própria e exclusiva vontade, ao revés de sua racionalidade e emancipação de ideias ortodoxas sem nenhum sentido benevolente para com o próximo. A fraqueza pode sempre ser verificada nas atitudes e palavras, mas sua origem é do coração... da alma.

Ser livre... deveríamos ter um novo setembro ou a primavera, de fato, chegará?

*Rodrigo Dias Martins é advogado, formado na Universidade do Leste de Minas Gerais, especialista em Direito Tributário pela PUC/MG. Foi Assessor Jurídico da Procuradoria Geral do município de Timóteo (2017-2018) e Procurador-Geral da Câmara Municipal de Timóteo (biênio 2019-2020). É Sócio Proprietário do escritório de advocacia Costa e Martins Advogados e Consultor Jurídico do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais - SindUTE/MG.

Edição: Amélia Gomes