A comunidade de Braúnas, na cidade de Juatuba (MG), região metropolitana de Belo Horizonte, solicita que o poder público aja no local. Um incêndio de grandes proporções atinge uma área de mata da comunidade, e já chegou próximo à Escola Juquita Firmino e a uma estação da Copasa.
De acordo com moradores, o fogo se alastrou na noite desta quarta-feira (15), chegando a ameaçar residências e o Centro Afro-brasileiro Nzo Atim Oia Oderin, na Avenida A.
Claudete Marques de Assis, Locykileuara Makota, líder religiosa do candomblé e liderança comunitária, relata que o combate às chamas maiores foi possível com um caminhão pipa. Mas o auxílio só chegou após muita insistência junto à Prefeitura de Juatuba, já que os órgãos estariam sobrecarregados pelo número de chamados.
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“Ainda existem muitos focos menores de incêndio. Agora, meus filhos vão lá, com umas folhas, apagam alguns, depois volta a pegar fogo”, conta Locykileuara Makota.
Região Metropolitana sob fumaça
Nos últimos dias, as queimadas estão sendo frequentes em praticamente todas as cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A semana passou com um céu cinza, além da fumaça visível em vários pontos, e não raro o sol tem ficado avermelhado devido ao ar espesso e cinza. A situação se agrava, ainda, pela falta de chuvas.
Fogo atinge nascentes e mananciais em Juatuba
Nesta quinta-feira (16), o fogo diminuiu, segundo moradores, mas vários pontos de fogo ainda são vistos. A população teme que as chamas retornem, como no dia anterior, devido ao tempo seco e aos ventos. A mata é um dos locais onde os povos e comunidades tradicionais exercem as suas atividades tradicionais e cuidam do território, que foi impactado pelo rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho.
César Augusto Kanjilande, morador de Braúnas, preocupa-se com os mananciais e nascentes, que também estão sob o fogo.
“Para nós, das Religiões de Matriz Africana, tudo aqui tem um significado sagrado. Isso está ferindo diretamente o nosso sagrado, como também a fauna e flora que preservamos sempre. Se a gente não fizer nada para que as queimadas não ocorram dessa forma, como poderemos pensar em futuro?”, questiona.
A comunidade segue em alerta e apreensiva com a situação pelos riscos de agravamento e solicitam que o poder público apresente soluções para a situação de urgência e para a prevenção de outros incidentes. A Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas) é a assessoria técnica independente das regiões atingidas pelo rompimento e está acompanhando as comunidades.
Com informações da Aedas.
Edição: Rafaella Dotta