Malásia ficou conhecido na quebrada como o "pai dos pobres", porque ajudava todo mundo
Ninguém sabia de onde apareceu aquela figura engraçada. Era baixinho e desengonçado. Com grandes olhos azuis e uma pele bem clara. Apareceu do nada lá nas quebradas debaixo. Foi morar na última casa da rua. A maior casa. Falava como um estrangeiro. Todo enrolado. Colocando o verbo na frente do substantivo. Um moleque muito criativo e muito gozador colocou o apelido inusitado nele de Malásia.
O alarme disparou pela quebrada. O cara que fazia “bico” foi lá arrumar a fiação, o banheiro e capinar o lote que fica atrás da casa. Deu com a língua nos dentes: "ele tem muito ouro e dinheiro. Pagou-me o dobro pelo serviço. Vi tudinho lá no quarto dele”.
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Logo uma romaria começaria na sua casa. Desde a dona que vendia Avon e Yakult, até as moçoilas com suas roupas sensuais, além dos picaretas que se faziam de grandes boatos e os santos do pau oco. O moço, dono da quitanda e do mercadinho, era o mais puxa-saco e dissimulado.
Malásia ficou conhecido na quebrada como o "pai dos pobres", porque ajudava todo mundo, pagava bebida, conta de água e luz, gás, remédios e churrasco pra geral. Era querido e amado por todo mundo. Era como os velhos bicheiros dos subúrbios cariocas.
Numa bela manhã de outono, Malásia sumiu sem deixar vestígios. Deixou toda a riqueza pra trás.
A fofoca comeu solta, já no primeiro minuto. Uns diziam que a Polícia Federal o levara na madrugada. Outros falaram que a sua esposa descobriu seu esconderijo. Outros falaram que ele era o Hitler e que foi descoberto pela CIA. Outros falaram que era uma alma penada perdida no Brasil para pagar seus pecados. Na verdade, ninguém sabia de nada.
A casa virou ponto turístico e um ponto de saque para todo o lado. Depenaram tudo em poucos minutos. Dinheiro voou para todo o lado até a chegada da polícia. Ninguém sabe quem era aquele homem, realmente.
Uma coisa curiosa intriga até hoje muita gente: ali foram achados vários sacos de ossos e perucas.
Vai saber o porquê aquele homem tão rico guardava ossos e perucas em casa.
Edição: Larissa Costa