A manifestação Fora Bolsonaro em Belo Horizonte, no próximo dia 2, às 15:30, na Praça da Liberdade, promete ser a maior até então realizada na cidade desde o início do ano. A avaliação é de representantes da comissão organizadora, que, seguindo o princípio da unidade – como a nível nacional – já envolve mais de 100 organizações, como partidos políticos, centrais sindicais, torcidas organizadas e movimentos populares.
“É nosso papel fazer a luta para que o povo não caia na ilusão que é o Bolsonaro”
A expectativa é grande, segundo Maria da Consolação, presidenta do PSOL Minas, porque as organizações da cidade já têm um histórico de construção conjunta de lutas, como, o Ele Não em 2018, as ações em defesa da educação e as carreatas contra o presidente realizadas durante a pandemia.
“Nós temos que fazer uma grande pressão popular. Precisamos tirar o Bolsonaro ainda neste ano. Pelas liberdades democráticas, pelos direitos do nosso povo, porque os ataques são muitos”, diz. “Tem que estar todo mundo junto para defender a vida, a igualdade e a justiça no nosso país”, acrescenta Maria da Consolação, que integra o Comitê Mineiro da Campanha Fora Bolsonaro.
Duas agendas
Além do ato no sábado (2), outra agenda nacional está acordada entre as organizações. O 15 de novembro também será um dia de luta contra Bolsonaro. Jairo Nogueira, que é presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, explica que as duas agendas trazem como pauta central o impeachment do presidente, já que há diversos indícios de fraudes e crimes de corrupção desvendados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19.
Além disso, na opinião de Jairo, é insustentável a crise econômica e social pela qual passa o país, levando a população ao desemprego e ao drástico empobrecimento. “É nosso papel fazer a luta, denunciar o governo e construir um novo cenário para as eleições do ano que vem, para que o povo não caia na ilusão que é o Bolsonaro”, aponta.
“A cada dia de Bolsonaro, são mais vidas perdidas”
A política econômica adotada pelo governo federal, e encabeçada pelo ministro Paulo Guedes, levou o Brasil de volta ao Mapa da Fome, além de encarecer o preço do gás e da cesta básica. Esse fato, na avaliação de Stefanio Marques, que é assessor político do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região, já é um fator que induz a articulação de organizações políticas distintas em torno da pauta Fora Bolsonaro.
“Não dá mais para deixar esse governo no poder. Porque a cada dia de Bolsonaro, são mais vidas perdidas, é o povo adoecendo, é retirada de direitos, é povo morrendo de fome. O impeachment precisa ser agora, porque não dá para esperar 2022, porque não sabemos o que pode acontecer. Por isso é fundamental construir esse acúmulo com todos que querem o Fora Bolsonaro”, ressalta.
Centenas de organizações
Em Minas, assim como em outros estados, a articulação envolve partidos, centrais, igrejas católicas e evangélicas, torcidas organizadas, religiões de matriz africada, movimentos de mulheres, de juventude, de negros e negras. Somente de partidos políticos, já se somaram PT, PCdoB, UP, Rede, Consulta Popular, PSOL e PSB. A ideia é ampliar ainda mais.
Segundo o deputado estadual Cristiano Silveira, que também é presidente do PT de Minas, os partidos Solidariedade, PDT e Cidadania estão realizando conversas internas e podem se somar na construção das manifestações. “Eu continuo tentando contato com outros partidos, outras lideranças, que não são do campo da esquerda, mas que podem se somar a partir do ‘espírito democrático’. Penso que, com agravamento da situação econômica, sanitária e política do governo Bolsonaro, há um ambiente para que as nossas mobilizações ganhem mais força do que foi até o momento”, avalia.
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No sentido de fortalecer a manifestação, outro direcionamento é que cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte possam se somar no ato do dia 2 de outubro na capital. Na próxima terça, haverá uma reunião para definir detalhes sobre a infraestrutura, inclusive de transportes das cidades e também de bairros mais distantes do centro da cidade.
Campanha nacional
A convocação para os atos dos dias 2 de outubro e 15 de novembro, foi realizada a partir da articulação nacional entre a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e a Frente Brasil Popular. Nove centrais sindicais divulgaram, na quinta (23), nota conjunta chamando os trabalhadores para participarem das manifestações. “Das ruas não nos retiraremos até libertar o Brasil deste presidente criminoso”, diz o texto.
“Em um país com 212 milhões de habitantes, cuja maioria, segundo todas as pesquisas, rejeita e desaprova Bolsonaro, é urgente que o Congresso Nacional atenda o clamor popular e acate a abertura de processo de impeachment para que Bolsonaro seja afastado e seus crimes apurados e julgados”, completa a nota.
A Campanha Nacional Fora Bolsonaro é organizada por mais de 80 entidades e movimentos populares e sindicais. No último dia 15, presidentes de nove partidos de oposição se reuniram para traçar diretrizes de mobilização pelo impeachment de Bolsonaro.
Protocolo sanitário
Devido à pandemia, quem for ao ato deve usar máscaras, álcool em gel, evitar aglomerações e contato físico para evitar a propagação do coronavírus. Quem estiver com sintomas ou tiver tido contato com pessoas que testaram positivo para covid-19 não devem comparecer.
Edição: Elis Almeida