Minas Gerais

Coluna

Crônica | Mensagem de Amor

Imagem de perfil do Colunistaesd
Gostava de uma camisa velha da turma da Mônica que ganhou de uma senhora. Chico Bento era seu personagem predileto - Robson de Almeida/PMSCS
Quando acordou em sua nova casa e não ouviu o barulho habitual do orfanato, Dedão ficou assustado

Manhã ensolarada e bem alegre. Era o dia das crianças. Para Dedão, seria um dia muito especial. Ele era pura alegria e euforia. Iria para a casa dos futuros pais adotivos. Não cabia dentro de si. Estava vagando entre os astros de tão feliz! E perguntava a todo momento a que horas eles iriam chegar. Estava muito ansioso. 

Dedão perdeu seus pais num acidente grave de trânsito. Um motorista bêbado em alta velocidade bateu fortemente no ponto de ônibus, onde esperavam a condução que os levaria ao trabalho. Eram faxineiros de um condomínio de alto luxo. O playboy que matou os pais de Dedão estava voltando de uma balada sem se preocupar com nada. Além de tudo, fugiu do local sem prestar socorro às vítimas. Nesse dia, a vida do nosso Dedão mudou por completo.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

Ele foi parar num orfanato público, desses para crianças pobres, já que não tinha nenhum parente para ser seu tutor ou para adotá-lo. Dedão era uma criança calada e introspectiva. Quase nunca conversava. Sempre imaginava que algum dia iria para uma casa bem legal com bastante brinquedo, piscina e um irmão. Gostava de uma camisa velha da turma da Mônica que ganhou de uma senhora. Chico Bento era seu personagem predileto. Sempre pedia à “Tia Carminha” para ler o gibi do Chico Bento. Ficava horas escutando suas histórias e aventuras.

Um dia, os anjos mulatos de alguma galáxia próxima ao planeta Amor lhe concederam um milagre. Um casal muito bacana gostou dele e queria adotá-lo. Gostaram do seu jeitinho introspectivo. Para um período de adaptação, Dedão iria passar o feriado do dia das crianças na casa deles. 

Já chegando na casa, sua felicidade triplicou. A casa era tão grande que parecia um castelo, daqueles que via nas estórias da televisão. Ficou espantado como a grama era tão verde. Logo, foi brincar na grama com os cachorros da casa. Correu tanto que, sem querer, caiu na piscina e teve que ser resgatado rapidamente pelo futuro pai. Ele nem se abalou. Continuou a correr atrás dos cachorros. 

Mas o melhor ainda estava por vir. De repente, a casa encheu de crianças e palhaços, era uma festa surpresa para Dedão. Doces, balas, pipocas, bolo de chocolate, maria-mole, pé de moleque, brigadeiros e muito refrigerante. Dedão nunca tinha tido uma festa só para ele. Estava tão feliz que disparou a falar e não parava mais. Fez logo muitas amizades. Mas o que mais Dedão gostou foi o violão que estava em cima da sua cama. Não largou o violão para nada. Ele se divertiu tanto que foi dormir sem tomar banho e com a roupa da festa. Claro que tinha que ser uma roupa da turma da Mônica.  

Quando acordou e não ouviu o barulho habitual do orfanato, ficou meio assustado. Na sua nova casa, era muito silêncio. Ele foi até a janela e viu a piscina de longe, olhou seu quarto cheio de brinquedos, roupas, uma bola de futebol, só uma cama e o violão. Estranhou que estava sozinho no quarto. No orfanato, nunca dormiu sozinho, tinha muitos beliches. Olhou, olhou como se não acreditasse que estava vivendo aquele momento. Foi quando sua futura mãe entrou dentro do quarto e perguntou:

- Filho, vamos descer e tomar café? 

Ele ficou em silêncio. Aquilo era muito novo. Ele correu na direção da mãe e deu-lhe um beijo e um abraço bem forte. Seu rosto era pura alegria e uma grande mensagem de amor! 

 

Edição: Larissa Costa