No Dia de Finados, terça (2), acontece uma missa afro no Cemitério dos Escravos, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A missa será presidida pelo padre João Lucena da paróquia São Raimundo Nonato, distrito de São Benedito.
Projeto do rodoanel pode descaracterizar área de cemitério que abriga corpos de escravizados
A missa é parte de um conjunto de ações em defesa do Cemitério dos Escravos e contra a construção do rodoanel.
O Cemitério dos Escravos
Localizado na região dos Feixos, antiga Sesmarias de Bicas, na cidade de Santa Luzia (MG), o Cemitério dos Escravos é simbólico para a cidade. “Muitos escravizados da região foram enterrados ali”, conta Glaucon Durães, professor de sociologia e membro do movimento de comunidades quilombolas impactadas pelo rodoanel.
Neste ano, a missa, que acontece há 30 anos, terá um ato chamado “Abraço coletivo ao Cemitério dos Escravos". De acordo com moradores, o projeto do rodoanel, caso aprovado, pode descaracterizar a área.
“Vamos levar faixas e distribuir panfletos, para mostrar que o rodoanel, se passar naquela região, vai impactar brutalmente todo o território simbólico, histórico, cultural e religioso, impactando diretamente o Cemitério dos Escravos e a comunidade quilombola de Pinhões”, declarou Glaucon.
Participam do ato os movimentos Salve Santa Luzia, S.O.S Santa Luzia e S.O.S Vargem das Flores. A Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais, a Pastoral Afro de Minas Gerais e a Comunidade Quilombola de Pinhões também participam da ação.
O rodoanel
Arrastado há anos em Minas Gerais, o projeto do rodoanel metropolitano, retomado no ano passado pelo governo de Romeu Zema (Novo), está em fase de consulta pública. Serão 13 municípios impactados: Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Contagem, Ibirité, Igarapé, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Ravena, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano.
O processo de retomada do projeto pelo governo de Romeu Zema (Novo) se deu em meio ao acordo negociado entre a Vale, as Instituições de Justiça e o governo estadual para a reparação dos danos causados pelo crime da mineradora em Brumadinho.
Apesar do projeto do rodoanel não possuir relação direta com o rompimento da barragem em Córrego do Feijão, parte do recurso do acordo, cerca de R$ 3,07 bilhões, serão destinados à obra. O valor dos investimentos iniciais, segundo informações da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade – (Seinfra), é RS 4,5 bilhões, sendo que a diferença será investida por parcerias público privadas (PPP).
Edição: Larissa Costa