Minas Gerais

ANCESTRALIDADE

Em Sete Lagoas (MG), projeto ajuda mulheres negras e periféricas a ter alimentação saudável

Casa da Mulher Negra e Periférica Dona Ivone Lara promove formações para o uso de tecnologias sustentáveis em quintais

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Casa da Mulher Negra e Periférica, em Sete Lagoas, foi criada no centenário de Dona Ivone Lara - Divulgação

Em homenagem ao centenário de Dona Ivone Lara, cantora negra considerada um dos maiores nomes da música popular brasileira, a Casa da Mulher Negra e Periférica Dona Ivone Lara foi criada em abril de 2020.

A casa surge da vontade de dar continuidade às nossas experiências ancestrais que sobreviveram a várias pandemias

Localizada no Condomínio Popular Residencial Dona Sílvia, do conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, em Sete Lagoas (MG), a casa, que iniciou suas atividades já durante a pandemia do novo coronavírus, surgiu com o objetivo de manter a interação entre as mulheres negras da periferia. 

As atividades, voltadas para mulheres negras e periféricas da cidade, são desenvolvidas com o apoio voluntário de professoras e mestras do notório saber

“A motivação da casa nasce do intuito de continuar o intercâmbio social entre as mulheres negras, mesmo frente à pandemia e ao isolamento social. Surge também da vontade de dar continuidade às nossas experiências ancestrais que sobreviveram a várias pandemias, trazendo aprendizados que nos ajudassem a sair deste contexto vivas e resignificadas”, declarou ao Brasil de Fato MG a fundadora e Matri Gestora da casa, Cynthia Mara Aduke.

Formação para as mulheres negras 

Aulas de permacultura, cultivo, culinária e outros conhecimentos ancestrais, além da elaboração de projetos para editais, são algumas atividades desenvolvidas pelo espaço. As formações, voltadas para mulheres negras e periféricas da cidade, são desenvolvidas com o apoio voluntário de professoras e mestras do notório saber. Umas das educadoras voluntárias do projeto é a Agrônoma, formada pela Universidade Federal de Alfenas, Paulyene Nogueira.

Projeto Ayê busca financiamento para implantar tecnologias sustentáveis nos quintais de mulheres negras

“Queremos devolver as atribuições e ferramentas científicas que mulheres negras universitárias podem compartilhar com a comunidade.  Além disso, queremos usar essas ferramentas para disseminar o notório saber e os ensinamentos de mestras por todo o nosso território”, afirma Cynthia.

Projeto Ayê: o povo quer alimentação!

Um dos impactos imediatos da fundação da casa foi a criação do projeto Ayê. A iniciativa tem o objetivo de buscar financiamento para implantar tecnologias sustentáveis nos quintais de mulheres negras.

Para isso, o projeto recolhe itens que, posteriormente, são doados a mulheres em situação de vulnerabilidade e as ensina a implantar em seus quintais fogões ecológicos, contribuindo para garantir alimentação saudável, segurança sanitária e o direito básico à alimentação durante a pandemia. 


Projeto Ayê recolhe doações e ensina mulheres em situação de vulnerabilidade a implantar em seus quintais fogões ecológicos / Divulgação

“Por estarmos em distanciamento social, fazemos nossa revolução de quintal plantando frutas, hortaliças, captando água da chuva, trocando sementes e mudas pelos Correios com outras pessoas. Essa ação impacta diretamente na saúde, resistência e na conexão ancestral que tanto precisamos para sobreviver à pandemia”, enfatiza Cynthia.

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Saiba como contribuir

Com o objetivo de romper cada vez mais com o ciclo de pobreza e escassez, frequentemente presente na vida de mulheres negras, a Casa da Mulher Negra e Periférica Dona Ivone Lara recolhe doações para conseguir dar seguimento às atividades do Projeto Ayê.

Confira os itens necessários:

Fogão ecológico 
Calhas de captação de água da chuva 
Cisternas externas 
Enxadas 
Facões 
Jogos de panelas de aço inox, pois o fogão funciona por indução 
Mudas frutíferas e sementes crioulas
Machadinhas para cortar lenha 
Filtros de barro 

Caso você possa ajudar com a doação de algum desses itens ou queria saber mais, entre em contato pelo telefone (37) 9859-8745.

Edição: Larissa Costa