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O Brasil quer mudança. A mudança é Lula!

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"Lula representa, portanto, o sentimento de mudança" - Foto: Ricardo Stuckert
Povo quer mudança pela esquerda com o fortalecimento das políticas públicas

Vou dar a minha contribuição individual para a luta coletiva do povo brasileiro para encerrar este período de trevas que estamos vivendo no Brasil governado por Bolsonaro. O Brasil quer mudança; a mudança é Lula. 

Dediquei grande parte da minha vida, sobretudo nos últimos 20 anos, à defesa de Lula, não uma defesa personalista, mas ao que ele representa, historicamente, para a transformação política, econômica e social do Brasil. Escrevi dois livros sobre os governos Lula; redigi e publiquei duas cartilhas; e redigi também uma coletânea de 27 artigos mais densos intitulada “Brasil 1994/2014; participei das lutas de rua pelo “Lula livre”. 

Agenda política das eleições tende a se deslocar amplamente para as questões sociais

Vou me dedicar à campanha de Lula na grande Belo Horizonte. Agora, me apresento de novo, o que farei por um ano, na defesa da candidatura de Lula na Grande Belo Horizonte e, especialmente, em Contagem. Dou início à militância nas eleições de 2022 com o documento: “Desafios para a eleição de Lula e para que ele faça um bom governo”, que está publicado na íntegra em meu blog (blogdojoseprata.com.br). 

O documento consolida uma série de formulações minhas nos últimos meses e acrescenta novas ideias que hoje são exigidas com a aproximação das eleições de 2022. São formulações sobre a candidatura, sobre o personagem Lula, sobre a campanha eleitoral, e desafios programáticos para um governo de esquerda. E incorpora também minha experiência política prática na coordenação das oito candidaturas de minha mulher, Marília Campos, inclusive nesta última eleição, quando ela chegou pela terceira vez à Prefeitura de Contagem, a maior cidade governada pelo PT no Brasil. 

Lula tem maior potencial, menor rejeição e lidera na pesquisa espontânea

São diagnósticos e propostas para as eleições de 2022 no Brasil, Minas Gerais e Contagem. Veja a seguir o primeiro capítulo do meu documento. 

Desejo de mudança

Eleições de 2022 serão marcadas pelo desejo de mudança. A mudança é Lula! Mais importante que a análise dos resultados das inúmeras pesquisas que são divulgadas frequentemente sobre as eleições de 2022, o que importa mais é o sentido geral em que elas serão realizadas; são aqueles aspectos “mais qualitativos” das pesquisas quantitativas: 

a) o sentimento amplamente dominante no Brasil é de mudança e não de continuidade; 

b) a mudança desejada é pela esquerda, com uma política econômica em que o Estado cumpra um papel fundamental e não prevaleça o privatismo ultraliberal; 

c) a mudança desejada é de retorno das lideranças mais experientes e não de mudança com lideranças novas, desconhecidas, e sem experiência; 

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d) agenda política das eleições, ao contrário de 2018, muito vinculada aos valores, segurança, corrupção, na versão do “falso moralismo”, tende a se deslocar amplamente para as questões sociais; 

e) no quesito “potencial de votos” e maior rejeição, os candidatos da direita estão mal colocados.

Veja alguns aspectos qualitativos das pesquisas quantitativas que explicam a liderança de Lula. 

Surpreendentemente, os indicadores fundamentais, altamente favoráveis à esquerda, foram captados pela pesquisa XP/IPESPE, bancada pelo mercado financeiro, coordenada pelo cientista político Antônio Lavareda. Duas pesquisas XP/IPESPE, de novembro e de maio/2021, mostraram resultados “redondinhos” para a esquerda. 

Primeira pergunta expressou o enorme sentimento de mudança na sociedade, de 82%. Perguntada qual o “desejo para o próximo presidente”, a população respondeu: 56%, que mude totalmente a forma como o Brasil está sendo administrado; 26%, que mude um pouco a forma como o Brasil está sendo administrado, dando continuidade a algumas coisas e mudando outras; 14%, que dê continuidade a forma atual como o Brasil está sendo administrado; 4%, não sabe / não respondeu.

A segunda pergunta foi sobre que política econômica deve ser adotada pelo governo. Perguntada qual a “melhor maneira para recuperar a economia depois do Coronavírus”, a população respondeu: 65%, mudar a política econômica com mais investimentos do governo para o Brasil voltar a crescer; 25%, manter a política econômica atual com as reformas, e maior participação das empresas privadas para retomar o crescimento; 10%, não sabe / não respondeu.

Perguntada “sobre as duas principais características que irá procurar no candidato a presidente”, na primeira opção a população respondeu: ser honesto (33%), ser competente (18%), ser preocupado com os mais pobres (18%), saber ouvir e dialogar (10%), ser firme nas decisões (7%), ser político experiente (5%), representar o novo (3%), ser fora da política (1%), e não sabe/não respondeu (5%); como se vê, pelas informações que se tem do momento, 2022 não será bom para os “outsiders”.

Ainda na pesquisa XP IPESPE, as questões sociais na primeira opção são as que mais preocupam a população: educação (30%), inflação e custo de vida (15%), saúde (17%), desemprego (13%), fome/miséria (9%), corrupção (5%), violência (4%), meio ambiente (2%), salário (3%), outro (3%). 

No chamado “potencial de votos”, Lula tem maior potencial e menor rejeição. Lula lidera na pesquisa espontânea, na pesquisa estimulada no primeiro e no segundo turnos. São estas tendências mais “qualitativas” que explicam a ampla liderança de Lula nas pesquisas: em todas que foram divulgadas, Lula tem maior intenção de voto espontânea; lidera as intenções de votos no primeiro turno; vence todos os demais candidatos no segundo turno; e, em algumas pesquisas, ganha a eleição no primeiro turno. 

Lula representa, portanto, o sentimento de mudança; uma mudança pela esquerda com o fortalecimento das políticas públicas; tem experiência e legado de realizações; e tem compromisso histórico com as políticas sociais para a maioria da população.

Seja qual for a polarização em 2022, ela favorece a candidatura de Lula: se for contra Bolsonaro haverá, provavelmente, um enorme sentimento de mudança; se for contra a centro direita as chances são boas também porque Lula tem apoio popular, tem legado enorme de realizações e defende um programa de mudanças, com destaque para a política econômica; já a centro direita é continuidade da política econômica; e Lula é experiente, mas não é visto como parte do “sistema” político tradicional, o que é uma “vacina” contra os “outsiders”. 

Esquerda precisa se preparar para uma disputa acirrada. Não podemos nos iludir: a disputa eleitoral será dura; os ataques ao PT e Lula, de Bolsonaro e da “terceira via”, serão intensos; não podemos ficar de “salto alto” porque a eleição não será um “passeio” e provavelmente será definida somente no segundo turno, como aconteceu nas quatro eleições presidenciais vencidas pela esquerda: 2002 e 2006, com Lula, e 2010 e 2014, com Dilma. 

Não acho correto colocar como meta a vitória no primeiro turno porque, quando a disputa ficar mais apertada, isso poderá levar à desilusão e desmobilização política. Uma vitória de Lula no primeiro turno depende de uma “combinação perfeita” de diversos fatores: que os “sentimentos do povo” que favorecem a esquerda se consolidem fortemente; que o candidato que polarizar com Lula tenha, no máximo, 30% dos votos, e que parte do eleitorado dos candidatos menos competitivos migre para Lula com o chamado “voto útil”, ou seja, que a eleição se transforme num plebiscito contra Bolsonaro ou alguém de centro direita, que defenda a política econômica bolsonarista.

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José Prata Araújo é economista e especialista em direitos sociais

Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

 

Edição: Elis Almeida