O banco não quer nem saber. Quer receber seu dinheiro, doa a quem doer
Qual a serventia de um banco? Sempre penso nisso. Também fico muito admirado que toda esta gente da elite brasileira peça bancos para o desenvolvimento do Brasil. Eu não sei por quê, nem para quê.
Encontrei dona Lucinha aos prantos no meio da rua. Ela chorava copiosamente. Sua aposentadoria tinha ficado toda no banco para pagamento de um empréstimo: o chamado consignado. Ela estava desesperada, pois não tinha um tostão furado para passar o mês. Tinha aluguel para pagar, remédios para comprar e o supermercado do mês para fazer. Fora algumas dívidas com o açougue, com a dona do Yakult e o menino da quitanda e do frango. Ela estava totalmente desesperada. Nunca ficou devendo ninguém.
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O banco, porém, não quer nem saber. Quer receber seu dinheiro. Doa a quem doer. Sem contar que lucraram bilhões nos últimos tempos. Nem com a pandemia enfrentaram crise.
Dona Lucinha procurou o banco várias vezes para explicar sua situação. Todo funcionário que a atendia sempre desfiava o mesmo repertório: não podemos fazer nada pela senhora. Pegou o dinheiro porque quis. Sempre bem-vestidos, com sorriso nos lábios e uma gentileza comprada em algum offshore.
O que me parece, porém, é que essa gentileza só pode interessar aos capitalistas selvagens e, certamente, esses não estarão dispostos a dar o seu apoio a essa gente sofrida. Que eles se danem com suas dores. Sempre haverá uma propaganda com um cenário paradisíaco dizendo: Feito para você se...
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Larissa Costa