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Discriminações e preconceitos: pele, etnia e lugar de origem

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"Latinos americanos, africanos e asiáticos eram vistos como não civilizados" - Foto: EBC
Habitantes do campo são vistos pelos citadinos como desprezo e discriminação

As discriminações que tem por forma a cor da pele, das etnias e dos lugares de origem, não revelam tudo que é na realidade. O que fundamentam as discriminações são os estratos sociais.

Os habitantes do campo, analfabetos e semianalfabetos são vistos pelos citadinos como desprezo e discriminação. Monteiro Lobado tratava o caipira como Jeca Tatu e o comparava aos urupês, (orelha-de-pau) que é uma espécie de cogumelo parasita que se desenvolve em trocos de árvores. Para ele o caipira vivia do que a natureza lhe dava e não se esforçava para mudar de vida e, por isso, era desprezível.

Bolsonaro quer destruir conquistas da humanidade

O cineasta e ator Mazarope tratou o Jeca como inteligente e esperto, porém refratário às mudanças. O arquétipo do caipira reforça a inferiorização de trabalhadores pobres, pessoas sem ocupação, negros e indígenas.

Os brancos moradores em favelas são discriminados pelos moradores de bairros de classe média e alta classe. Quem é nativo da África ou da América Latina é discriminado por quem nasce ou é originado da Europa e dos EUA. Os originados dos povos pré-colombianos e indígenas são preteridos pelos de origem europeia.  

Pele negra, máscara branca

O que Frantz Fanon (1925/1961) trata em seu livro “Pele negra, máscara branca” é que os africanos e seus descendentes nativos eram impedidos de ter status para que ficassem sempre dependentes. Quando um negro se aculturava como branco ele devia ser discriminado e depreciado, para não ocupar lugar dos brancos.

Frantz Fanon era negro, nascido na ilha de Martinica no Caribe. Aos 18 anos alistou-se no exército francês para lutar contra o Nazismo. Foram as discriminações, que sofreu como soldado negro, que o despertou e o motivou a estudar psicologia e daí resistir à violência que os europeus praticavam contra as populações não brancas de suas colônias.

Latinos americanos, africanos e asiáticos eram vistos como não civilizados. O que a ideologia colonialista impõe é o sentimento inconsciente da dominação. Impede os dominados a tomada de consciência de sua situação. Impede-os de lutar e de ser conscientes.

O racismo nazista tentou aplicar métodos científicos para provar a inferioridades de etnias não brancas, reforçando, assim, o arquétipo da superioridade dos arianos, o que fomentou a eugenia nazista. No Brasil, o médico legista, Nina Rodrigues (1862-1906), baseado nas ideias racistas de Herbert Spencer e Cesare Lombroso, defendeu a tese de que os países multiculturais como o Brasil não podiam progredir. Por causa da formação genética, os negros eram mais propensos aos crimes que os brancos.

Graças aos pensamentos e às práticas de forma crítica, principalmente de marxistas, os falsos postulados científicos e filosóficos que reforçavam velhos preconceitos passaram a ser combatidos. Movimentos artísticos, organizações de classes, manifestos e simpósios tornaram-se universais graças aos meios modernos de comunicação.

A partir das primeiras décadas do século XX, desenvolveu-se no Brasil uma cultura de valorização da mulher, contra o patriarcalismo machista; valorização da cultura afro-brasileira; defesa dos indígenas; luta por defesa e conquistas para trabalhadores e amparo aos pobres e excluídos.

Bolsonaro

Em 2020, Bolsonaro nomeou Roberto Alvim para a Secretaria de Cultura. Em seu discurso de posse citou trecho de uma fala do ministro de Hitler, Joseph Goebbels. Imediatamente houve uma reação de instituições e personalidades e o presidente teve que revogar seu ato.

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Outro fato chocante foi a nomeação de Sergio Camargo para a presidência da Fundação Palmares, que exerce a função só de lacaio do presidente da República; persegue servidores e faz expurgo na biblioteca da instituição. Este e outros fatos simbolizam o desejo de Bolsonaro e demais sectários, em destruir a civilização moderna conquistada com tanto sacrifício dos brasileiros e da humanidade.

Antônio de Paiva Moura é docente aposentado do curso de bacharelado em História do Centro Universitário de Belo Horizonte (Unibh) e mestre em história pela PUC-RS

 

Edição: Elis Almeida