Belo Horizonte iniciou mais uma semana com Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde lotados por pacientes com sintomas gripais e suspeitas de covid-19. A porta das unidades, que possuem cadeiras ao ar livre para conseguir atender a demanda, estão lotadas nesta segunda-feira (17), causando problemas na qualidade do atendimento, além de exaustão dos profissionais.
Os números de atendimentos a pessoas com síndrome gripal ou suspeita de covid-19 não param de subir nesta terceira onda, com a presença da variante ômicron. O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, de 14 de janeiro (sexta-feira), informa que as unidades de saúde atenderam 33.487 pessoas na primeira semana de janeiro. Já na segunda semana, receberam 43.294 atendimentos.
Para comparação, o maior número de atendimentos com esses sintomas na pandemia, até então, havia sido em março de 2021, em que as UPAs e Centros de Saúde de Belo Horizonte atenderam 22.140 pacientes em uma semana.
O levantamento do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) mostra que a incidência de covid-19 na capital mineira saiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes para 295,5 casos por 100 mil habitantes em 20 dias. Um aumento de 1.724%.
Ocupação de leitos em alerta vermelho
Apesar do alto número de atendimentos, a taxa de óbito tem sido baixa em Belo Horizonte. Em 2022, houve duas mortes confirmadas por complicações do coronavírus. Esse fato tem sido explicado pela eficácia da vacinação. No entanto, a transmissão alastrada tem feito a ocupação de leitos chegar a taxas preocupantes.
Em 11 de janeiro, BH chegou a ter 98,3% dos leitos de enfermaria para covid-19 do sistema SUS ocupados. No último Boletim Epidemiológico, em 14 de janeiro, essa taxa desceu para 84,1%. Já os leitos de UTI para covid, também no último informe, estavam 88,7% ocupados no SUS. A ocupação mais alta desde março de 2021.
De acordo com a Prefeitura de BH, nesta segunda (17), foram abertos mais 34 leitos de enfermaria para covid-19 na rede SUS. Até então, eram 390 leitos. O número de leitos de UTI também teve um incremento com mais 9 unidades, antes eram 106 leitos.
Conselho de Saúde reivindica volta de restrições a mega eventos
Para solucionar ou amenizar as consequências da terceira onda do coronavírus, o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) apontou 12 medidas emergenciais reivindicadas à prefeitura. O primeiro e principal deles seria retomar a proibição de grandes eventos.
“Cancelamento dos megas eventos espalhadores do vírus da covid-19, considerando a alta infectividade da ômicron, com a restrição de grandes festas e shows, incluindo os jogos de futebol, para evitar aglomerações pelo menos até o final de fevereiro”, aponta o conselho.
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O infectologista Unaí Tupinambás, membro dos comitês de enfrentamento à covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), concorda com a volta da restrição ao que tem sido chamado de eventos “super espalhadores”.
“Eventos que chamamos super espalhadores deveriam ser proibidos ou cancelados até final de fevereiro ou início de março”, reforça, destacando que essa é uma opinião pessoal. Jogos de futebol, festas de carnaval particulares e eventos com grande público, sob essa ótica, seriam novamente proibidos.
Unaí opina que o retorno das aulas presenciais a crianças de 5 a 11 anos também deveria ser adiado, e liberado somente quando esse público tiver ao menos com a primeira dose da vacina. O que não seria aplicado a crianças acima de 12 anos, que já estão vacinadas com a segunda dose.
A Prefeitura de Belo Horizonte foi perguntada sobre a possibilidade de proibir os mega eventos, mas não respondeu ao questionamento.
Confira abaixo as 12 reivindicações do Conselho de Saúde de BH
“O CMSBH está reivindicando à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) algumas medidas emergenciais. São elas:
1- O cancelamento dos megas eventos espalhadores do vírus da covid-19, considerando a alta infectividade da ômicron, com a restrição de grandes festas e shows, incluindo os jogos de futebol, para evitar aglomerações pelo menos até o final de fevereiro;
2 – Permitir o acesso somente de pessoas vacinadas a locais públicos, como bares, restaurantes e teatros (instituição do passaporte vacinal em BH);
3- Fortalecer as regras sanitárias para prevenção da covid em ônibus, bares, restaurantes, casas de shows e em reuniões familiares. O CMSBH não propõe o fechamento do comércio levando em consideração a preocupação com a situação econômica dos pequenos e médios comerciantes e a menor letalidade da doença entre as pessoas vacinadas;
4 – Ampliar a oferta de ônibus para que as aglomerações dentro dos coletivos possam ser reduzidas;
5 – A ampliação da vacinação, inclusive para as crianças;
6 – Divulgação pela PBH junto à imprensa e aos grandes veículos de comunicação sobre a gravidade da situação e da necessidade de vacinação, da manutenção do isolamento social e das medidas de prevenção à covid-19 e demais doenças respiratórias;
7 – A ampliação do número de consultas médicas virtuais disponibilizadas nas teleconsultas do SUS-BH, considerando que as disponibilizadas até o momento são insuficientes para a demanda;
8 – A abertura de pelo menos mais três Centros de Saúde (CSs) com horário ampliado por regional;
9 – A instauração de um Plano de Contingência para todos os CS, com o adiamento de consultas eletivas (não-urgentes) para que os profissionais possam se dedicar às pessoas com queixas agudas, urgentes e sintomas respiratórios;
10 – A abertura dos Centros de Testagem Pública da Covid-19 para a população realizar os testes e com isso desafogar os CSs e UPAs, os únicos locais que fazem teste pelo SUS em BH;
11 – Garantir a presença de agentes de segurança fixos nos CSs e UPAs durante todo o horário de seu funcionamento;
12 - Garantir equipes completas de profissionais para o atendimento dos usuários com valorização dos profissionais da saúde e oferta de atrativos para o profissional que deseja continuar no SUSBH”.
Edição: Larissa Costa