A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) avançou para a etapa três do Plano de Retorno Presencial, no último dia 10. Essa fase prevê a ocupação de 100% dos espaços físicos da instituição, com retorno das aulas presenciais no mês de março.
Como parte do protocolo de retorno, a universidade anunciou que irá investir em monitoramento com testagem, estimular a vacinação e orientar o isolamento e a quarentena, quando necessário. A instituição anunciou ainda que irá fiscalizar a utilização de máscaras e orienta a comunidade acadêmica que evite aglomerações.
Apesar de reconhecer a importância da vacinação em massa, a instituição divulgou que não irá exigir a comprovação de vacinação ou “passaporte vacinal” para ter acesso às suas dependências.
Em entrevista, Cristina Alvim, coordenadora do Comitê da UFMG de Enfrentamento ao Coronavírus, afirmou que a instituição apostará em estratégias educativas, quanto à vacinação da comunidade acadêmica.
“Buscaremos estratégias educativas e logísticas para estimular a imunização entre jovens com menos de 30 anos. Nossa proposta não é impedir a circulação de pessoas nos campi, muito menos punir os estudantes com cancelamento de matrícula ou algo semelhante. Nossa estratégia se baseia no tripé acolhimento, busca ativa e orientação para se vacinar”, declarou.
A definição preocupou parte da comunidade acadêmica, que acredita que a exigência da comprovação seria importante para a garantia da segurança de seus membros.
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“Estamos todos ansiosos de voltar ao regime presencial, mas em segurança e com minimização dos riscos. Não queremos nos infectar nem correr o risco de infectar alguém, sobretudo, no caso dos não vacinados, que poderão ter consequências graves”, avalia a presidenta do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (APUBH), Marisa Rosaria Barbato.
A professora acredita que a medida beneficiaria toda a sociedade, uma vez que contribuiria com a contenção da propagação do vírus.
Três universidades em Minas vão exigir vacinação
No dia 30 de dezembro de 2021, o Ministério da Educação (MEC) publicou um despacho proibindo as universidades de exigirem a comprovação da vacinação para o acesso de estudantes e profissionais.
No dia seguinte, o ato do MEC foi suspenso pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, o ministro do STF Ricardo Lewandowski afirmou que “nunca é demais recordar que a saúde, segundo a Constituição, é um direito de todos e um dever irrenunciável do Estado brasileiro, garantido mediante políticas públicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, cujo principal pilar é o SUS”.
Das onze universidades federais de Minas Gerais, três já anunciaram a exigência da comprovação vacinal para o retorno das aulas presenciais. São elas: a Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).
“A vacinação contra a covid-19 tem se mostrado a mais efetiva forma de combate à disseminação da doença, sendo, portanto, uma medida de proteção individual e coletiva”, afirmou a UFSJ, em nota.
Paula Silva, estudante e diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), acredita que a medida deveria ser tomada por todas as instituições de ensino. “Exigir o passaporte de vacinação é importante. A universidade tem o compromisso de zelar pelo conhecimento científico. A medida é importante para incentivar que a comunidade acadêmica e a sociedade se vacine”, explica.
Já Luiza Datas, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes da UFMG (DCE UFMG), acredita que a exigência do comprovante vacinal não pode ser um empecilho ao acesso à educação. Porém, acredita que a medida permite construir um pacto coletivo em defesa da vida. Para ela, a universidade não deveria se isentar do debate.”Nossa tarefa enquanto universidade é nos posicionar em defesa da vida”, declarou.
Técnicos Administrativos em educação aprovam greve sanitária
O retorno presencial das atividades administrativas da UFMG aconteceu em outubro de 2021. Inicialmente, os Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) cumpriram regime alternado, com ocupação de 40% das unidades.
Porém, com a chegada da etapa três do Plano de Retorno Presencial, no dia 10 de janeiro, a categoria foi convocada a ocupar 100% das unidades.
Na manhã desta sexta-feira (21), em assembleia convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes), a categoria aprovou greve sanitária.
Segundo a coordenadora-geral do sindicato, Cristina Del Papa, a universidade não tem condições físicas adequadas para garantir a segurança sanitária dos trabalhadores. “São ambientes sem janela e sem ventilação. Não tem estrutura”, explicou.
A sindicalista informou ainda que, nos últimos dias, três unidades de trabalho apresentaram casos de contaminação. São elas, o Colégio Técnico da UFMG (Coltec), a Biblioteca Central e o Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Terceira onda
Nos últimos dias, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde de Belo Horizonte atingiram a capacidade máxima de atendimento, devido a alta quantidade de pacientes com sintomas gripais e suspeitas de covid-19.
O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, da última quinta-feira (21), informa que a ocupação de leitos de UTI, destinados a pacientes com covid-19, é de 84,7 %, enquanto a ocupação de leitos de enfermaria é de 77,6%.
Edição: Larissa Costa