Minas Gerais

CRIME DA VALE

Artigo | Brumadinho: o crime se repetiu

Dia 25 de janeiro ficou marcado com um evento insuportavelmente doloroso, no qual 272 vidas foram perdidas

Brasil de Fato | Minas Gerais (MG) |
"É triste constatar que crimes dessa natureza podem ocorrer novamente" - Foto: MAB

Há três anos, a Vale foi responsável por mais um crime em Minas Gerais. Depois de Mariana, a mineradora deixou que o rastro de destruição assolasse também Brumadinho. Dia 25 de janeiro, assim como dia 5 de novembro, ficou marcado com a lembrança de um evento insuportavelmente doloroso, no qual 272 vidas foram perdidas em detrimento da exploração minerária irresponsável.

O desrespeito diante da vida humana e da natureza com que a Vale trabalha em Minas Gerais é de se indignar. Não somente a Vale, como as demais mineradoras que operam na região sem nenhum apreço pelos moradores dos locais que podem ser atingidos pela lama a qualquer momento: Samarco, BHP, Vallourec, AngloGold… apenas para citar algumas. 

A busca pelo lucro segue atropelando vidas, territórios e histórias. Seria ingenuidade pensar que tais empresas um dia se preocuparão em realizar um trabalho responsável, ético e respeitoso com o meio ambiente e com aqueles que o habitam. Por isso, o poder público tem a função e obrigatoriedade de fiscalizar as atividades minerárias a fim de que sejam realizadas seguindo todos os protocolos nacionais e internacionais de segurança. Mesmo assim, vemos a ineficiência do governo Zema (Novo), que prefere continuar favorecendo as empresas ao invés de fiscalizá-las devidamente. 

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É triste constatar que crimes dessa natureza podem ocorrer novamente, visto que as mineradoras seguem impunes e lucrando mais a cada ano. E enquanto lucram, Minas Gerais conta com pelo menos 46 barragens que apresentam instabilidade. É urgente que o governador deste estado se mobilize a favor das centenas de comunidades que já foram atingidas e das que ainda podem ser. O crime já foi realizado quando desrespeitaram a vida dessas pessoas e instalaram empreendimentos gigantescos nos quintais de suas casas. O que nos resta agora para salvar vidas, a fauna e a flora, é a contenção de danos. 

Ainda mais lamentável são as propostas de alteração no Código de Mineração, encabeçadas pela deputada federal mineira Greyce Elias (Avante). Lamentável que representantes de Minas Gerais estejam estimulando a extração minerária sem licenciamento ambiental (processo que já estava e está fragilizado atualmente).  

O povo mineiro não merece passar por mais tragédias como a de Mariana e de Brumadinho, e o Estado tem obrigação de cobrar dessas empresas que cumpram e aprimorem os requisitos de segurança.

Pedro Patrus é vereador pelo PT em Belo Horizonte

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

 

Edição: Larissa Costa