Meu nome é Maria José da Silva, moro na comunidade de Ribeiro Manso, em Felixlândia. Antes da barragem estourar, minha vida era só alegria, tinha lazer, pescava, me divertia muito, meus filhos vinham sempre nos visitar. Era muito bom. E também tinha minha renda para ajudar nas despesas de casa, que eram meus produtos caseiros, como pães, salgados, bolos, biscoitos, sorvetes, geladinhos etc.
Depois do acontecido, foi só tristeza e sofrimento. Perdi todos meus clientes, porque eles acharam que os produtos estavam contaminados. Então fiquei sem renda alguma.
Também não podíamos mais pescar, não podíamos mais tomar banho no rio, acabou nosso lazer. Aí começaram os problemas. Fiquei com minha saúde afetada, entrei em depressão profunda, tive que fazer controle com psicólogo. Muita ansiedade, perdi o gosto da vida. Era um sonho, de morar na beira do rio, que estava se destruindo.
Agora vivemos com a cabeça a mil, porque a gente não sabe o que fazer. Ora falam que está contaminado, ora falam que não está. Não sabemos o que fazer e tudo fica mais difícil a cada dia que passa. E minha saúde só piora, tenho muito medo do que pode acontecer. E agora minha casa foi tomada pela água do rio também.
Maria José da Silva é moradora de Ribeiro Manso, em Felixlândia (MG).
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Edição: Larissa Costa