Toda vez que ouço Sergio Moro falando mais acho que ele se parece com Aécio Neves. Repare você também: estão lá a mesma dissimulação, o mesmo blefe e a mesma absoluta cara de pau que caracterizam esses dois tristes personagens da política brasileira.
Aécio, como vários sabem, é velho conhecido meu. Tenho a honra até de ter sido, num passado recente, citado por ele numa gravação obtida pela PF, na qual o ex-governador tucano falava mal de mim.
Sempre me impressionou a hipocrisia de Aécio quando falava em “varrer o mar de lama da corrupção”
Isso apenas porque apontei, desde que ele era o todo poderoso em Minas no início deste século, os desvios em obras como a Cidade Administrativa, ou os aeroportos privados na fazenda da família, ou o mau tratamento que seu governo dava para os professores.
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Sempre me impressionou a hipocrisia de Aécio quando falava em “varrer o mar de lama da corrupção”. Como é possível tanta cara de pau?
Até que veio Sergio Moro
E não é que o ex-juiz, que aliás dizem ser muito próximo de Aécio, não é que Moro é igualzinho? É impressionante como ele fala tal qual uma autoridade sem máculas quando o assunto é corrupção, dando a impressão que tem alguma moral para dizer algo sobre o tema.
Sergio Moro acha que ainda estamos em 2018. Acha que fala ainda como um juiz (péssimo e parcial juiz, diga-se). Esquece que desde então virou ministro de um presidente fascista. Esquece, que ao deixar o cargo de ministro, foi trabalhar para a administradora judicial da Odebrecht, aquela empreiteira que estava nos processos da Lava Jato.
Moro pensa que ninguém vai se lembrar da Vaza Jato, a série de reportagens que provou como ele e o procurador Dallagnol combinavam ações para perseguir politicamente Lula, o PT e as esquerdas em geral.
Moro será investigado ou será jogado debaixo do tapete as denúncias?
Quando foi obrigado a dizer quanto recebeu da multinacional Alvarez & Marsal (a tal administradora da Odebrechet), o que fez Moro? Disse que não ficou “rico”, ainda que os mais de R$ 3,5 milhões por 10 meses de “trabalho” sejam salário de gente muito rica.
Aliás: salário? Como já afirmei, isso tem toda a cara de propina – a investigar (alô, Ministério Público!). Ou será feito com Moro o que está sendo feito com Aécio? Jogar tudo pra debaixo do tapete.
Rogério Correia é deputado federal (PT-MG)
*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida