O título de barão era dado a membros da nobreza detentores de poder, riqueza e posição na hierarquia social. O título ainda hoje é utilizado para designar pessoas poderosas no país. Em muitos municípios há ainda quem seja chamado de barão.
Seja com ou sem título, não faltam no Brasil pessoas com a mentalidade de barão e baronesa. São os muito ricos e os que, mesmo não sendo, acham que são. São também os que detém algum poder. Tem político que se acha barão, tem juiz que se acha barão, tem empresários que se acham barão.
Bolsonaro e Zema são a máxima representação das nossas elites
Nosso país é rico, todos sabemos. Mas a pergunta a ser feita é, com quem está essa riqueza? Não é difícil responder. Muito provavelmente não está na casa de quem nos lê nesse momento. O país tem 55 bilionários, só. No entanto, essas 55 pessoas detêm 176 bilhões de dólares, ou seja, quase R$ 1 trilhão.
Um escárnio. Sobretudo se pensarmos que temos 54,8 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza. Vivem com menos R$ 406 por mês.
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Dado essa enorme desigualdade social – somos o país mais desigual do mundo – e considerando que essa desigualdade vem da nossa origem, e nunca se desfez, não é de se estranhar que uns se sintam “barão”. A questão é, se achar muito importante, pressupõem então que o outro é “menos” importante, “menos” cidadão e que não são todos portadores dos mesmos direitos.
Classe dominante ranzinza
Como diria Darcy Ribeiro, o Brasil tem uma classe dominante “ranzinza, azeda, medíocre, cobiçosa, que não deixa o país ir pra frente”. É compreendendo essa natureza das nossas elites que podemos compreender a pouca comoção com a brutal morte de Moise, o congolês assassinado.
É só com essa chave de leitura que podemos compreender a volta da fome; a política do estado mínimo para os pobres e máximo para os rentistas; a lei do teto dos gastos que congelou os investimentos em saúde e educação por 20 anos; a aprovação na Câmara dos deputados, essa semana, do Pacote do Veneno que libera geral os agrotóxicos; o fato de que, desde o golpe do impeachment contra a Dilma, o salário mínimo não tem aumento real.
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Bolsonaro e Zema são a máxima representação dessa classe dominante insensível. A política neoliberal que defendem, aumenta a pobreza, a miséria, a fome e a desigualdade social. Não é acaso que a loja Zema, em Brumadinho, sinta-se à vontade para vender roupa suja de lama tóxica para os mais pobres. É a cultura da “classe dominante medíocre” que nos fala Darcy.
Quem se sente barão, acha que pode pisar à vontade nos mais pobres. Para eles, uma “pisadinha” aqui, outra acolá, faz parte.
Contra os “barões da pisadinha”, nosso esquema preferido não pode ser outro, que não a construção da força social organizada dos mais pobres, consciência política de classe, de esquerda e a derrota eleitoral dos barões e seus representantes nas eleições de 2022, Lula à frente.
Edição: Elis Almeida