O momento exige diálogo e a contínua organização de base
Passados quase dois anos do início da pandemia, e nesta conta se acrescenta pouco mais de meia década do Golpe de Estado que colocou o país nos mais profundos labirintos do neoliberalismo, toda a conjuntura nos exige a reflexão sobre qual projeto precisa ser construído coletivamente para servir aos interesses da população brasileira.
Para este texto, não é necessário um longo aprofundamento histórico referente aos entraves do capital frente ao trabalho ou mesmo da desafiadora relação entre o povo e as lutas do cotidiano. Porém, é necessário destacar que só o povo organizado pode contrapor os interesses dos poderosos frente ao direito de viver.
Estejamos à frente do que a conjuntura apresenta como o necessário
As lutas nas redes e nas ruas nos últimos anos só foram possíveis por conta da nossa construção coletiva, mas é preciso ir além.
Em 2021, os diversos atos nacionais, paralisações e greves foram o farol de que nossas pautas têm legitimidade social. As entidades e as frentes de luta apresentaram, a partir da unidade no último ano, as pautas sindicais, partidárias da esquerda e populares. Essa imensa plataforma para 2022 continua no objetivo de derrotar o genocídio vivenciado todos os dias.
O momento exige diálogo e a contínua organização de base, que se faz através da organização nos bairros, nas igrejas, nas universidades e nos diferentes territórios. Para derrotar Bolsonaro, é fundamental garantir que estes comitês carreguem as bandeiras de luta construídas na unidade das diversas organizações.
Que os comitês sejam como Rosa Luxemburgo dentro de nós, florescendo nos corações mais avermelhados e coloridos
Mas estejamos à frente do que a conjuntura apresenta como o necessário. São nesses espaços coletivos que teremos a possibilidade de avançar no reconhecimento de identidade, na comunicação e na formação coletiva, a partir dos princípios da Educação Libertadora. É neste momento que a leitura dos textos clássicos e das notícias dos jornais se encontram com o cotidiano.
Sejamos ousadas e ousados, para que estes espaços se construam pela interseccionalidade entre as questões de gênero, os debates étnico raciais e a relação classista que nos faz ser trabalhadoras e trabalhadores com a pluralidade que somos. Mas não podemos nos esquecer que toda esta configuração tem desafios para superar, como os crimes cometidos contra a população LGBTQIA+ ou mesmo o genocídio de jovens negros pobres. Estes espaços coletivos não podem esquecer do que é vivenciado dia a dia. Só a capacidade de compreender a realidade pode superar a própria realidade posta.
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Que os nossos espaços coletivos, a partir do trabalho nos territórios, sejam construtores do tecido social necessário para avançarmos nas demandas cotidianas daquela mulher do bairro que pela ausência do Estado, não tem com quem deixar seus filhos após o período escolar.
Que dialogue a partir da vida das milhares de famílias em situação de insegurança alimentar e nutricional, que trazem como tema o não silêncio das violências vivenciadas no campo e na cidade. Espaços populares, comitês de lutas, núcleos e comunidades de base são o espelho da nossa coragem e do direito de viver.
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Que estes espaços sejam como Rosa Luxemburgo dentro de nós, florescendo nos corações mais avermelhados e coloridos, a construção de uma sociedade que se faça de uma economia igualitária, humanamente diversa e totalmente livre. Nossas utopias inspiram e caminham ao passo da nossa vontade de superar a violência e descaso vivido para construir uma nova ordem conjunto à alvorada que virá amanhã.
O amanhã vai ser outro dia, certamente! Podemos.
Leonardo Koury Martins é assistente social, professor, conselheiro do CRESS-MG e militante da Frente Brasil Popular.
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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Rafaella Dotta