Minas Gerais

CULTURA

Cantos du Ori, grupo percussivo de Belo Horizonte, oferece cursos para mulheres

O projeto promove o aprendizado por meio de cantigas e ritmos, atrelados à ancestralidade e à afro-religiosidade

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
A iniciativa se entende como “ancestral, feminina, preta e musical”, originária de vivências quilombolas e periféricas - Arte: @soldeire

O projeto Rio de Encruzilhada, realizado pelo grupo percussivo Cantos Du Ori, promoverá um ciclo de sete oficinas presenciais, realizadas semanalmente entre fevereiro e abril de 2022. As oficinas pretendem levar o estudo da percussão e, atrelado a isso, histórias de “mulheres encantadas”, a partir de figuras da umbanda.

“O movimento que a gente, como mulheres pretas, quer fazer é resgatar nossa história, quem nós somos, resgatar nossa autoestima, nos entendermos como produtoras de musicalidade e de conhecimento”, diz Débora Marques, integrante do coletivo.

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As oficinas serão divididas em momentos de roda de conversa, ensino de ritmos afro-brasileiros, usando objetos e utensílios como instrumentos e cantigas voltadas para Pombo Gira. A primeira oficina ocorre no sábado (26), de 10h às 12h, e irá ensinar o ritmo Congo de Ouro e a cantiga “Rio Zureta”. Será realizada no Centro Cultural Padre Eustáquio, em Belo Horizonte.

Sobre o grupo

O Cantos du Ori é uma iniciativa artística e percussiva, que compõe e canta cantigas de religiões de matriz africana. Formado por quatro mulheres negras de Belo Horizonte, o grupo possui um perfil no YouTube com mais de seis mil seguidores.

Há aproximadamente um ano e meio, as mulheres produzem, compõem, gravam e divulgam cantigas, músicas ancestrais e umbandistas que representam conexão, expressão e forte contato com a religiosidade, com a cultura e com a ancestralidade. Além disso, também mostram o processo de estudos percussivos e diversos conteúdos afro-religiosos.

A iniciativa se entende como “ancestral, feminina, preta e musical”, originária de vivências quilombolas e periféricas. Ori significa origem e em ioruba, cabeça. E, a partir da nomenclatura, fica exposto que o projeto representa cantos originários, que vem da cabeça, que reconectam a cultura popular e preta na cidade de Belo Horizonte, partindo do quilombo urbano Manzo Ngunzo Kaiango.

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Além disso, Ori também é o nome artístico de Vitória Luiza, idealizadora do projeto. Juntamente com Izabela Laurico, Débora Marques e Virgínia Dandara, o grupo tem o objetivo de reafirmar e valorizar o espaço das mulheres pretas na percussão e na composição.

“Pensar arte e cultura de maneira subversiva é uma tarefa muito desafiadora. E quando a gente pensa essa estrutura na percussão, que é um espaço majoritariamente masculino, é mais complicado ainda. O que nos encoraja são as trocas que realizamos, com outras mulheres, que se tornam nossas referências também”, ressalta Débora.

Rio de Encruzilhada, nascente dum tambor 

O projeto “Rio de Encruzilhada” é o primeiro realizado pelo grupo e recebe incentivo da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. A inspiração do projeto é fincada nas próprias vivências das envolvidas e também tem referência na figura de Pomba-gira.

“A Pomba-gira representa o ser feminino, a resistência. É uma entidade que só nos enaltece, desperta na gente nossas potencialidades. E o que a gente enxerga nessa figura é a referência principal do nosso projeto. Essas oficinas abrem nossas portas e não poderia deixar de ser voltado para o feminino”, afirma Izabela, também integrante do grupo.

Serviço

O Centro Cultural Padre Eustáquio é localizado na Rua Jacutinga, 550, no Bairro Padre Eustáquio, Belo Horizonte. As oficinas serão realizadas de forma presencial e têm como limite máximo 10 participantes.

A inscrição acontece por formulário online, disponível aqui.  

Mais informações, no perfil @cantosduori no Instagram. É obrigatório o uso de máscaras durante a atividade e a apresentação do comprovante de vacinação.

 

Edição: Larissa Costa