Minas Gerais

Coluna

Crônica | Todo Carnaval tem seu fim

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Meus olhos avistam uma senhora muito animada e bem vestida com sua fantasia colorida - Foto: Prefeitura de Marabá
Sambei pensando que estava na Sapucaí

O sol estava a pino. O trânsito garrado demais. Os carros se moviam com uma lentidão impressionante. Ambulantes gritavam: “Leve três, pague dois!”

Artistas faziam malabarismo nos sinais de trânsito por alguns trocados. A moeda da sobrevivência.  

Da janela do carro vejo muitas pessoas e um pequeno bloco de carnaval.

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O ritmo da batucada era bom demais! Ajuda a esquecer o stress que vem do calor e do trânsito.

O carro continua quase parado e lento. O ritmo do surdo-resposta batia bem grave no peito.

Com o trânsito garrado demais, comecei a curtir e viajar naquele pequeno bloco de carnaval.

O povo todo animado, cantando as velhas marchinhas, e o pau quebrando.

Começo a sambar dentro do carro e a cantarolar. Nem me lembrava mais que estava num calor escaldante e num trânsito infernal.

Meus olhos avistam, bem do outro lado da rua, uma senhora muito animada e bem vestida com sua fantasia colorida.

Ela curtia sozinha na sua cadeira de rodas. Ela cantava e batucava certinho o ritmo, na sua cadeira. Parecia uma Colombina de tão vistosa.   

Aquilo me contagiou ainda mais. Me animou. Sambei pensando que estava na Sapucaí. Viajei pensando ser um mestre-sala da Portela.

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Até dei um pulinho no banco do carro. Só que o bloco começou a se afastar daquele ponto em que eu estava e o som começou a sumir.

Fixei mais ainda naquela senhora animada que transmitia uma energia tão boa. Era natural. Era sem esforço.

Uma energia tão Chiquinha Gonzaga, parecida com a comissão de frente de Joãozinho Trinta, da grande escola de samba Beija-Flor.

De repente, começa um buzinaço bem atrás de mim e muitos xingamentos. Abro a janela para saber o que é.

Um cara mais exaltado me xinga e vocifera palavrões sem parar. Percebo que estou atrapalhando o trânsito e arranco rapidamente o meu carro. Meu carnaval chega ao fim.

“Ó abre alas
Que eu quero passar
Ó abre alas
Que eu quero passar

Eu sou da Lira
Não posso negar
Eu sou da Lira
Não posso negar”

 

 

Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte

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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Ana Carolina Vasconcelos