De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em fevereiro, a cesta básica de alimentos ficou 1,45% mais cara em Belo Horizonte. No acumulado em 12 meses, a alta foi de 11,94%.
Em comparação com janeiro, os produtos que registraram alta foram batata (11,28%), feijão carioquinha (10,14%), farinha de trigo (2,72%), tomate (2,52%), óleo de soja (2,44%), arroz agulhinha (1,98%), leite integral (1,18%), manteiga (1,03%), carne bovina de primeira (0,67%), café em pó (0,39%) e pão francês (0,07%).
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Na capital mineira, a cesta de produtos alimentícios custa, em média R$ 642,01, isto é, 57,27% do salário mínimo. O tempo médio de trabalho necessário para adquiri-la, segundo o Dieese, é de 116 horas 32 minutos.
Comida está cara por falta de política
À Rádio Brasil Atual, a supervisora de análises do Dieese Patrícia Costa conta que os aumentos expressivos nos preços dos alimentos têm relação com a alta da demanda por commodities no mercado internacional, como no caso do café, o conflito no Leste Europeu, como a soja, ou a queda na oferta, como no caso do feijão, com a redução da área plantada.
Porém, a economista ressalta também o abandono, pelo governo brasileiro, de políticas que garantam alimentos mais baratos à população. “Houve um abandono da política de agricultura familiar, que foram importantes, nos anos 2000, para tirar o Brasil do mapa do fome. E o Brasil volta ao mapa da fome produzindo uma quantidade imensa de alimentos, mas produzindo com o objetivo da exportação e do lucro do agronegócio”, explica.
Para a economista, há opções que podem ser feitas e que não estão sendo levadas em conta pelo governo brasileiro, como o estímulo à agricultura familiar, políticas de preço mínimo, subsídios, taxação à exportação de determinados produtos, aumentos maiores do salário mínimo.
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“Mas não há essa intencionalidade nesse governo, que prefere deixar o mercado agir. E o mercado age levando o lucro aos grandes produtores e deixando à míngua os brasileiros”, conclui.
Mínimo necessário
Todos os meses, o Dieese calcula qual seria o salário mínimo necessário para atender às necessidades básicas de uma família com dois adultos e duas crianças. Em fevereiro, esse valor seria R$ 6.012,18, o seja, o equivalente 4,96 vezes o mínimo atual, de R$ 1.212.
No mês de janeiro, o Departamento analisou 324 revisões ou reajustes salariais, tomando como base dados do Ministério do Trabalho e Previdência. Do total analisado, 35% dos salários tiveram aumento acima da inflação, 23% tiveram apenas a recomposição do poder de compra perdido no último período e 42% receberam uma reposição menor que a inflação.
Edição: Larissa Costa