Entre os dias 25 e 27 de março acontece, em Belo Horizonte, o 2° Encontro de Juventude de Terreiro, no SESC Venda Nova. O evento pretende, nos três dias de programação, reunir jovens de religiões de matriz africana e promover atividades e debates sobre temas como meio ambiente, direitos, fascismo, intolerância religiosa, racismo, cidadania e cultura.
Com o tema “Produzindo Saberes: Resistência e Vivências Ancestrais", o encontro é organizado pelo Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-Brasileira (Cenarab) e busca incidir sobre a formação dos jovens tanto no terreiro quanto na sociedade, como explica Rafael Vicente, advogado e diretor do Cenarab.
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“No encontro, não iremos discutir dentro das práticas e dogmas, mas sim sobre a vida da juventude de terreiro e as nossas vivências. Nossa intenção é formar”, aponta. “A juventude é a renovação e a manutenção da perpetuação do culto, a juventude incide nesse aspecto, da prática religiosa e sua continuidade, a criação de novos zeladores”, completa.
Sankofa
Neste ano, o conceito Sankofa norteia as atividades. “Sanko”, que significa voltar, e “Fa”, que significa buscar, trazer, tem origem em um provérbio tradicional entre os povos de língua Akan da África Ocidental. A tradução pode ser “não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. A representação de Sankofa é um pássaro mítico que voa para frente e tem a cabeça voltada para trás, carregando no seu bico um ovo, o futuro.
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Na perspectiva do encontro das juventudes, o Sankofa ensinaria a possibilidade de voltar atrás, às raízes, para poder realizar o potencial de avançar. “Nós, juventude de matriz africana, sabemos de onde viemos, estamos aqui e sabemos para onde estamos indo. O conceito é olhar para o passado, mas sabendo que a direção é o futuro, a manutenção das tradições, no exercício dessa ancestralidade”, explica Rafael.
Intolerância religiosa
A data do encontro foi escolhida na semana do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, marcado no 21 de março. O debate sobre racismo religioso e intolerância religiosa também compõe o evento. Segundo Rafael Vicente, pontos como o que fazer quando o direito à prática religiosa é violado, ou quando o terreiro é atacado, ou quando a roupa branca não é aceita no trabalho, são questões que serão abordadas na programação. “Temos que ter o direito de vivenciar nossa fé e expressá-la não pode causar ações criminosas”, argumenta Rafael.
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Edição: Larissa Costa