Quem não é europeu ou norte-americano é visto como inferior
Do final do século XV ao final do século XVI, Portugal e Espanha foram pioneiros na exploração europeia do globo terrestre e domínios ultramarinos. Isso provocou a Inglaterra, Holanda e França a estender suas redes de comércio e exploração na América e na Ásia.
A Inglaterra ocupou as conhecidas treze colônias de Virgínia no Norte da América. Com a independência dessas colônias (1783) e formação dos Estados Unidos, a Inglaterra voltou suas atenções para outras partes do mundo, incluindo a América Latina, em poder de Espanha e Portugal.
Em Lima e México ensinam as línguas locais ou nativas
Os colonizadores trataram de estabelecer na América uma extensão da Europa. No plano da cultura, a expansão do imperialismo desdobrou-se em aspectos econômicos, ideológicos, patrióticos e sociais. Impuseram às colônias um processo de ocidentalização e de criação de elites políticas, intelectuais e artísticas voltadas para os padrões ocidentais.
Hobsbawn no livro “A era dos impérios” (1998) diz que das consequências desse fenômeno advém o fato de que no contexto imperialista, “os que não eram europeus nem norte-americanos passaram a ser concebidos, visto e tratados como inferiores, indesejáveis, fracos e atrasados, ou mesmo infantis e eram representados como objetos perfeitos de conquista, pois destinados a se converterem à única e verdadeira civilização. As populações indígenas da América, foram consideradas “povos primitivos”, não brancos.
Tutela
Aparentemente as relações da metrópole espanhola com as colônias americanas eram melhores e mais avançadas que as de Portugal com relação ao Brasil.
Portugal não permitia nem imprensa e nem universidade no Brasil durante a dominação colonial.
Nas províncias espanholas da América, onde foi permitida a circulação do jornal “Mercúrio Volante”, em 1922, na cidade do México, em menos de um ano foi fechado. Na primeira metade do século XVIII as universidades do México, Lima, Santa Fé de Bogotá, Córdoba, Chácaras, Guatemala, Cusco, São Domingos, ministravam ensino de Teologia, Filosofia, Direito, Medicina, Belas-Letras e Matemática.
Em Lima e México ensinam as línguas locais ou nativas. Embora existissem tipografias no México e no Peru, os livros eram raros e caros. O governo fiscalizava a impressão, só deixava entrar nas províncias os livros considerados inócuos; proscreve as obras de tendências racionalistas e mecanicistas. É auxiliado pela inquisição que organizou uma lista de 5.420 autores proscritos. Os latino-americanos encontravam-se, pois, numa situação de tutela.
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Em 1819, Bolívar é recebido em Washington, que reconhece as duas Repúblicas da Grande Colônia do México, mas não reconhece a independência de Cuba e Porto Rico que estavam em poder da Inglaterra.
Independência frágil
Conforme Manoel Bonfim (1993) a independência das colônias americanas foi frágil. Ao invés de começarem vida nova; organizarem-se pacificamente; esforçarem-se por alcançar as outras nações no seu progredir, passaram a viver as discórdias entre os patriotas e políticos, entorpecendo e perturbando a evolução.
Aceitam a independência, mostram-se ativíssimos, e empolgam o movimento a fim de fazer com que, uma vez independente, a nova nacionalidade se assemelhe em tudo à antiga presa da metrópole, para que lhes sejam conservados todos os privilégios Nova Granada (Panamá, Colômbia, Equador e Venezuela) os reacionários exigiram logo um Estado centralizado, prolongamento do que existia.
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No México, os conservadores chegaram a conspirar para entregar de novo a nação à metrópole, reduzindo-a outra vez à colônia: seria a confirmação absoluta dos privilégios.
“América para os americanos”
Em 1823, o presidente dos EUA, James Monroe, em pronunciamento no congresso, afirma que não ia acetar intromissão de países europeus no continente Americano. “A América para os americanos” é slogan da doutrina Monroe que inaugura o imperialismo norte-americano sobre a América Latina.
Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS
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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida