Minas Gerais

CORRIDA ELEITORAL

Saiba quais os impactos das mudanças partidárias na ALMG

Bloco de oposição a Zema cresce na ALMG mas partido de Bolsonaro também

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Com apenas 2 deputados eleitos, o partido de Zema não ampliou nem reduziu sua bancada - Foto: Sarah Torres/ALMG

Com o fim da janela partidária, 26 deputados estaduais mineiros mudaram de legenda. O número expressivo representa mais de um terço dos 77 parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Encerrado o período de troca de partidos, que durou de 3 de março a 1º de abril, a pergunta que fica é: quais são os motivos e os impactos de tantas mudanças? 

Movimentação ideológica ou pragmática?

A seis meses do pleito eleitoral, analistas políticos acreditam que os motivos que levam às trocas partidárias podem ser de ordem ideológica ou pragmática. 

O jornalista e mestre em Políticas Públicas Antônio Augusto de Queiroz, em texto divulgado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), argumenta ainda que as mudanças na legislação eleitoral foram decisivas para a intensificação da movimentação entre os parlamentares. 

PT mineiro ganhou Andreia de Jesus, tendo agora 10 deputados

Entre as mudanças apontadas por Queiroz estão a não permissão de coligações partidárias para as eleições proporcionais, mudanças na cláusula de barreira, a maior exigência de percentuais mínimos de votos para conseguir ocupar uma vaga nas Casas Legislativas e a redução da quantidade de candidatos por legenda partidária. 

Ao Brasil de Fato, Fernando Neisser, especialista em direito político e eleitoral, reforçou que as mudanças são parte de um cálculo dos parlamentares para se posicionarem melhor na corrida eleitoral. 

PL de Minas foi de 2 deputados estaduais para 9

“Como é um sistema proporcional, de lista aberta, em que há uma grande influência dos cabeças de chapa que puxam os votos dos demais - candidatos a presidente ou governador - é natural que haja interesse em se alinhar a quem tenha maior apelo popular”, explica.

PT, PL e PSD crescem na ALMG


Em Minas, quem mais recebeu novos parlamentares foi o Partido Liberal (PL), do qual Jair Bolsonaro faz parte desde novembro de 2021. Com as trocas partidárias, o PL foi de 2 deputados estaduais para 9, se tornando a terceira maior bancada da ALMG.  

A nível nacional o cenário não foi diferente. Após o fechamento da janela partidária, o PL se tornou o maior partido na Câmara Federal, chegando a 79 deputados.  

“O PL praticamente dobrou a bancada, com a transferência em massa dos bolsonaristas que estavam no União Brasil (fusão do PSL com DEM), especialmente os deputados que tinham sido eleitos pelo PSL na onda moralista-justiceira que elegeu Bolsonaro presidente em 2018", explica Queiroz.

Três deputados ingressaram no PSD

Com o maior número de deputados estaduais eleitos, o Partido dos Trabalhadores (PT) também ampliou sua bancada. Com a chegada da deputada Andreia de Jesus, o PT tem agora 10 parlamentares. 

“Busco representatividade nos grupos, nos coletivos. Quero olhar ao meu redor e ver minhas semelhantes. Sim, no PT estão inúmeras delas que pavimentaram minha trajetória”, disse Andreia, na carta pública que anunciou sua saída do Partido Socialismo e Liberdade (Psol).

Outra mudança considerável foi na bancada do Partido Social Democrático (PSD). Três deputados ingressaram no partido, que passa a ter o mesmo tamanho do PT na ALMG. Entre os que escolheram o PSD como destino, está o presidente da Casa, Agostinho Patrus. 

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Nos bastidores, especula-se que a mudança partidária de Patrus está relacionada à corrida eleitoral para o governo do estado. Seu novo partido abriga Alexandre Kalil, ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato de oposição que se apresenta mais competitivo em relação a Romeu Zema. 

Caso o PSD opte por uma chapa puro sangue do partido, o nome de Agostinho Patrus é um dos cotados para vice. Porém, as pesquisas eleitorais têm indicado que o apoio de Lula (PT) a Kalil seria decisivo para derrotar Zema nas eleições. 

Zema perde bloco de apoio na ALMG

Com apenas 2 deputados eleitos, o partido de Zema não ampliou nem reduziu sua bancada. Porém, o bloco de apoio ao Governo Estadual na ALMG, foi extinto, por consequência das trocas partidárias. O motivo foi a desfiliação de Neilando Pimenta do partido Podemos e sua ida para o Partido Socialista Brasileiro (PSB).

O parágrafo 5º do artigo 71 do Regimento Interno da ALMG exige que a constituição de blocos parlamentares tenha no mínimo um quinto dos deputados estaduais. Com a saída de Neilando, o bloco de apoio a Zema passou a ter apenas 15 deputados e foi automaticamente extinto. 

No dia 12 de abril, o governo estadual perdeu uma importante votação na ALMG que, com 55 votos favoráveis e 3 votos contrários, derrubou o veto de Zema aos reajustes adicionais para os servidores da Educação, Saúde e Segurança Pública. O governador afirma que irá judicializar a decisão, porém, na última segunda-feira (18), a ALMG promulgou a Lei nº 24.035, que estabelece o reajuste. 

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Ainda que o bloco tenha sido extinto, é preciso observar as próximas movimentações partidárias para identificar as reais consequências. Mesmo com a mudança, os partidos que compunham a base de governo (Avante, Novo, PODE, PP, PSC, PSDB e Solidariedade) não sinalizaram alteração de postura em relação à gestão de Zema. 

Além disso, mesmo sendo parte do bloco de oposição, em determinadas matérias, os deputados do PL votam junto à base de governo.


Confira para quais legendas os deputados mineiros que aproveitaram a janela mudaram

 

Agostinho Patrus - PSD

Andreia de Jesus - PT

Antônio Carlos Arantes - PL

Arlen Santiago - Avante

Bartô - PL

Betinho Pinto Coelho - PV

Bosco - Cidadania

Bruno Engler - PL

Celise Laviola - Cidadania

Cleitinho Azevedo - PSC

Coronel Henrique - PL

Coronel Sandro - PL

Delegada Sheila - PL

Douglas Melo - PSD

Gustavo Mitre - PSB

Gustavo Valadares - PMN

Leonídio Bouças - PSDB

Neilando Pimenta - PSB

Professor Cleiton - PV

Professor Irineu - Patriota

Raul Belém - Cidadania

Roberto Andrade - Patriota

Rosângela Reis - MDB

Sargento Rodrigues - PL

Thiago Cota - PDT

Tito Torres - PSD

Edição: Elis Almeida