Em 1902 Lenin publica seu famoso livro “Que Fazer?”
Em maio de 1900, Vladimir chega a São Petersburgo, onde foi preso. Mas é logo solto, pois a polícia não encontrou com ele provas para incriminá-lo. O Chefe de Polícia chegou a afirmar em um ofício confidencial: “hoje não há ninguém mais importante que Ulianov no campo da revolução”. Ele então tenta assassina-lo.
Até julho de 1900, Vladimir tem toda a sua atenção voltada para a publicação de seu jornal “Iskra”.
“Nesta sociedade nova e melhor não haverá rico nem pobre”
Ao final de 1901, Lenin publica no “Iskra” artigos nos quais propõe a forma organizativa do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Foi a partir dessa época que daí por diante o mundo passaria a conhecê-lo como Lenin.
Que fazer?
No início de 1902, em Stuttgart, Lenin publica seu famoso livro “Que Fazer?”. Onde manifestou e apresentou minuciosamente, o plano de organização do partido marxista proletário. No entanto, sua atividade e dos demais membros da redação do “Iskra” tiveram que ser interrompidas em Munique; pois a polícia descobriu onde era impresso o jornal. Ás pressas eles se transferem para Londres, era abril de 1902.
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Foi nesse ano que Lenin se junta a outro jovem revolucionário que acabava de fugir da Sibéria, Leon Trotsky. Um grande orador e muito dinâmico, tendo sido um dos mais entusiastas seguidores de Lenin.
De abril de 1902 a abril de 1903, Herr e Frau Richter residiram em Londres. Com esse nome, Lenin e Nadedja, alugaram dois cômodos no número 30 de Holdford Square. Seu primordial trabalho passa a ser a impressão do “Iskra”, com a ajuda de sociais-democratas ingleses. Mais uma vez perseguidos, Lenin e Nadedja mudam-se para a Suíça, onde o “Iskra” passa a ser impresso.
II Congresso do Partido Social-Democrata Russo
Sua atenção, portanto, no início de 1903 é voltada para o II Congresso do POSDR, que deveria ser realizado em julho, na Bélgica. A fim de explicar aos camponeses o programa do partido, por ele elaborado, e que deveria ser submetido ao II Congresso, Lenin escreve o folheto “Aos Pobres do Campo” que, em uma linguagem simples, afirmava:
“Queremos uma organização nova e melhor da sociedade. E nesta sociedade nova e melhor não haverá rico nem pobre; todo mundo participará trabalhando. Não serão uns quantos ricaços, serão todos os trabalhadores, os que haverão de recolher os frutos do trabalho comum. As máquinas e demais conquistas do progresso devem aliviar o trabalho de todos, e não enriquecer a uns poucos à custa de milhões de homens do povo. Esta sociedade nova e melhor se chama sociedade socialista”.
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Ainda em abril de 1903, surge uma divergência de opinião que viria a produzir uma cisão histórica no POSDR. Lenin pretendia que no partido só houvesse revolucionários ativos. Enquanto Trotsky era seguidor da admissão de simpatizantes que não tomassem parte ativa nos trabalhos do partido.
Durante o II Congresso, além das calorosas discussões os delegados são perseguidos pela polícia, são obrigados a deixar o país, indo para Londres, onde, em uma igreja, reúnem-se até o final de agosto de 1903.
Bolcheviques
Após o II Congresso do POSDR, realizado na Bélgica, trava-se uma persistente luta entre os dois, Lenin e Trotsky. Lênin recebeu o maior número de votos, onde seu grupo, que apoiava a presença de revolucionários ativos, recebendo então o nome de “bolchevique”, que significa “maioria”. Enquanto o outro grupo, liderado por Martov - Julius Martov, pseudônimo de Yuli Osipovich Tsederbaum (24.11.1873 – 04.04.1923), político e revolucionário marxista socialista russo, conhecido por ser uma importante liderança menchevique - que tinha o apoio de Trotsky, esse grupo recebeu o nome de “menchevique”, que significa “minoria”.
Lenin dizia que: “um programa é uma exposição breve, clara e precisa de tudo o que o partido procura obter e por meio da luta”. Nas atas do Congresso figuram mais de cem intervenções, réplicas e observações de Lenin. Por maioria de votos o Congresso aprovou o programa proposto por ele.
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O programa defendia a substituição da monarquia czarista por uma república democrática; aliança da classe operária com o campesinato; liberdade total de consciência e palavra; direito de greve e à associação; sufrágio universal e secreto para todos os cidadãos; eleição de juízes pelo povo; instrução gratuita e obrigatória, para todos, até os dezesseis anos; e jornada de oito horas de trabalho.
Com o II Congresso e a formação dos bolcheviques, que tiveram importante participação na primeira revolução russa do século XX, que aconteceria de 9 de janeiro de 1905 a junho de 1907. Mas essa é uma nova história.
Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG).
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* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida