Localizado no Barreiro, em Belo Horizonte, o Hospital Júlia Kubitschek é referência no atendimento da população da região. Desde o mês de março de 2020, com o objetivo de ampliar os leitos para pacientes com a covid-19, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) fechou a unidade de emergência do hospital.
Passados dois anos após o fechamento, a unidade ainda não foi reaberta. O fato causou indignação entre moradores e trabalhadores da saúde que argumentam que a não abertura faz parte de uma estratégia do governo de Romeu Zema (Novo) para fechar o hospital.
“O governo estadual tinha a intenção de fechar o pronto atendimento do hospital. Isso seria uma catástrofe para o atendimento das urgências da região”, aponta Bruno Pedralva, médico de família e comunidade, e secretário geral do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Belo Horizonte.
Segundo trabalhadores do hospital, a emergência se encontra fechada, equipamentos estão sem utilidade e servidores foram realocados para outras unidades de saúde.
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Até março de 2020, a unidade de emergência do Júlia Kubitschek atendia cerca de 250 pacientes por dia. Victor Campos Ferreira, presidente do Conselho Distrital de Saúde do Barreiro, explicou ao Brasil de Fato MG que, com o fechamento, houve uma sobrecarga no atendimento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Barreiro.
“A falta do atendimento na unidade de emergência do hospital tem causado um prejuízo muito grande aos moradores da região. Afinal, a UPA Barreiro é pequena, sofre com a falta de médicos e não suporta mais a quantidade de pacientes que recebe diariamente, inclusive os pacientes oriundos dos municípios da Região Metropolitana, que somam aproximadamente 30% dos pacientes atendidos diariamente”, explica.
População se mobiliza
A revolta com a situação fez com que moradores da região do Barreiro e servidores se mobilizassem pela reabertura da unidade. No dia 23 de abril, um protesto em frente ao hospital reivindicou a reabertura da emergência do Júlia Kubitschek.
Em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), convocada pela deputada estadual Ana Paula Siqueira (Rede), no dia 28 de abril, a Fhemig anunciou que a reabertura da unidade será gradual.
Em nota, publicada no mesmo dia, a Fhemig informou que, na primeira quinzena de maio, 30 leitos de enfermaria irão retomar o funcionamento e que a abertura total está prevista para julho de 2022.
A decisão não foi bem recebida por usuários e trabalhadores do hospital. Para eles, a abertura deveria ser total e imediata. "Soubemos que, no início, só poderemos receber os encaminhados pela UPA. Não vamos aceitar isso", explicou Relina Conradt Lemes, representante do Conselho Local de Saúde do Hospital Júlia Kubitschek, durante a audiência pública.
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Ana Paula Siqueira afirmou que irá fiscalizar a reabertura e enfatizou que é necessário ter uma data definida para a entrega da unidade à população.
“Vamos querer saber sobre essa abertura de leitos, os recursos colocados para reformas, os problemas de equipamentos. Vamos ficar atentos até a reabertura de todos os atendimentos desse hospital", destacou a deputada estadual.
Edição: Larissa Costa