Minas Gerais

Coluna

Lenin e os tumultuosos anos de 1906 a 1908

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Lênin é caçado por agentes czaristas - Foto: Reprodução
No início de 1907 é instalada a segunda Duma

Após o IV Congresso, Lênin retorna a São Petersburgo, o que o leva a falar aos operários, intelectuais e estudantes. Em 9 de maio de 1906, em um grande comício, sob o nome de Kárpov, Lênin defende a linha revolucionária do proletariado. Ele dizia, segundo Nadejda Krupskaia, sua esposa, em seu livro “Memórias de Lênin”: “O auditório se achava em suspense. Depois do discurso, um grande entusiasmo apoderou-se dos presentes. Naqueles momentos, todos pensavam que a luta seria levada até o fim”.

Duma

As decisões de 23 de maio de 1906, na primeira Duma, transcorreram favorável ao czar. Os bolcheviques, boicotaram a eleição e nenhum deles participou da primeira Duma. Nicolau II sentiu-se frustrado, pois pretendia ter na Duma um apêndice do seu poder, o que viu, no entanto, foi um órgão vazio, formal. Alguns poucos deputados camponeses (trudoviques) encabeçaram e passaram a reivindicar terra para os camponeses, mesmo sob o aspecto de reparação aos latifundiários. Os trudoviques passam a ser ouvidos. Nicolau II então, dissolve a Duma, no início de agosto, prometendo novas eleições para o final do ano e a instalação da segunda Duma, no início de 1907.

Ainda na clandestinidade, Lênin promovia reuniões, viajava a Moscou para encontrar com os camaradas bolcheviques, indo também à Finlândia para conferência com sociais-democratas.

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A insurreição armada a ferro e fogo foi acalmada, com várias prisões, fuzilamentos e fugas do país. Lênin passa então a apoiar às eleições da Duma, como forma de enfrentar o czar.

Logo no início de 1907, é instalada a segunda Duma, que durou pouco mais do que a primeira, onde passam a fazer parte muitos deputados sociais-democratas, entre eles vários bolcheviques. O problema agrário continuou sendo o principal motivo dos debates.

V Congresso

Lênin, então, começa a preparar o V Congresso do POSDR, que seria realizado em Londres, em abril de 1907. Sendo esse, portanto, o último Congresso do POSDR, que reuniria bolcheviques e mencheviques onde a partir desse último Congresso, o menchevismo seguiu seu próprio caminho, afundando-se no reformismo.

Ao lado de Lênin, atuaram no V Congresso, entre outros: Stalin, Bubnov, Chaumian, Dubrovinski e Lindov. Somando-se ao todo 89 bolcheviques e 88 mencheviques, onde discutiam o tema central, “a atitude com os demais partidos”. Lênin foi quem presidiu a mesa, tendo vencido Plekanov que a disputara apoiado por outros mencheviques, entre leles: Trotski, Martov, Axedrod, Tseretelli.

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A principal resolução de Lênin foi aprovada, onde se exigia por parte dos bolcheviques uma luta sem trégua, contra os partidos dos grandes capitalistas e latifundiários; ressaltando a bravura de ser o bolchevismo contrário com o liberalismo contrarrevolucionário. Lênin, portanto, admitia apenas, relações com os trudoviques na luta contra o czarismo.

Fim da Duma e reação

Ao fim do V Congresso do POSDR, Lênin volta à Finlândia, estabilizando-se em Kuokala, em junho de 1907.

Em 3 de junho de 1907, Nicolau II ordena a prisão de bolcheviques e trudoviques, pois os trudoviques atuavam em conjunto com os bolcheviques, a segunda Duma, então é dissolvida, decretando daí por diante, o seu inteiro domínio pelos latifundiários e capitalistas. O que leva o fim da Revolução, e faz com que a Rússia entre novamente, em um período de desenfreada reação.

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Lênin é caçado em Kuokala por agentes czaristas, o que faz com que ele se transfira para o interior da Finlândia, atravessando o golfo coberto por uma fina camada de gelo, a ponto de afogar-se, consegue então, escapar, começando para ele, quase que mais dez anos de nova emigração forçada.

No apogeu da Primeira Revolução, em dezembro de 1905 até o fim de 1907 ele esteve clandestinamente na Rússia, onde escapa do czarismo na Finlândia e chega novamente a Genebra em 1908. Mais tarde, ainda na Suíça, ele sairá para voltar à Rússia: em abril de 1917, depois de quase uma década.

Exílio

No próximo artigo, seguiremos seus passos, resumidamente, em sua abundante e desconhecida atividade, durante seu exílio, de janeiro de 1908 a abril de 1917.

Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG)           

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* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

 

 

 

Edição: Elis Almeida